segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Seguro para motos de baixa cilindrada é raridade no Brasil .

Seguro para motosAlta sinistralidade é apontada por empresas como a causa do baixo número de apólices


Nos países de primeiro mundo, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e países europeus, é obrigatório se fazer seguro de um veículo. Se não o fizer, simplesmente não o pode comprá-lo. O motivo disso nesses países, nem chega a ser o roubo de veículos, e sim, problemas de acidentes, onde o condutor precisa ter seguro para cobrir os prejuízos das avarias, não somente do seu veículo, mas como de outro(s) envolvido(s). Foi a forma que os governos encontraram de manter em ordem e seguro o trânsito e as pessoas que os utilizam.


Já no Brasil, o número de roubos e furtos de motos não para de crescer. De acordo com o Grupo Tracker, empresa especializada em recuperação de veículos, a quantidade de motocicletas levadas de seus donos subiu 3,57% no terceiro trimestre deste ano, ante igual período de 2012. E são esses números que fazem as seguradoras torcerem o nariz quando são procuradas por motociclistas, ao menos aqueles proprietários de motos de baixa cilindrada.


Essas companhias são empresas privadas criadas para lucrar. Como não têm missão filantrópica, qualquer negócio que ofereça grande risco de causar prejuízo é rechaçado.


Algumas regras fixas servem para “blindar” as seguradoras, como não aceitarem apólices de motos usadas no trabalho, como as de motofrete, por exemplo. “Motocicletas de uso diário e intenso correm mais risco de ser roubadas ou se envolver em acidentes. Por isso, as seguradoras preferem evitar”, afirma um dos diretores de seguros da Porto Seguro, Marcelo Sebastião.


Já é possível segurar motos com motor acima de 90 cm3, algo impensável na década passada. No entanto, o número de motocicletas seguradas gira em torno de 5% da frota, enquanto a participação de automóveis é de cerca de 40%.


Mesmo quando a ficha da apólice é aprovada, é o preço que inibe o fechamento do contrato. O seguro de uma moto de baixa cilindrada chega a custar até 20% do valor de tabela do modelo.


Uma Honda CG (a mais vendida do Brasil), por exemplo, é oferecida nas concessionárias por R$ 6.750. A apólice para o modelo custa R$ 1.350, valor considerado inviável para a maioria dos consumidores.


Bom para as motos de alta cilindrada


No caso das motos grandes, a coisa muda de figura. Dependendo do perfil do interessado, a apólice fica em torno de 4% do valor do modelo, o que, para o dono de uma Honda NC700X, tabelada a R$ 27.490, representa um custo anual de cerca de R$ 1.100.


Esse valor é R$ 250 menor que o da apólice da CG, embora a NC custe quatro vezes mais que o modelo de entrada da Honda no País.


“Motos grandes são usadas, em geral, para o lazer e ficam menos na rua. Portanto, oferecem menos riscos. A menos que haja uma queda brutal no número de sinistros, a situação do seguro para esses veículos não mudará”, afirma o vice-presidente da comissão de seguros de automóveis da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenaseg), Luiz Pomarole.


De acordo com informações da entidade, na composição do preço do custo do seguro para motocicletas, 70% do valor corresponde a roubo e furto, quando no carro esse número é de cerca de 35% – os acidentes representam 20% do total.


A alta sinistralidade causada por bandidos e pela imprudência do motociclista é apontada como o maior empecilho para que as apólices para motos fiquem mais baratas.


Cobertura Parcial


Uma dica das seguradoras é que, se não for possível contratar uma apólice com cobertura total, deve-se, pelo menos, garantir indenização para terceiros. Essa solução resguarda o motociclista em caso de atropelamento ou acidente sem vítimas. “Se um motoboy quebra o farol de um BMW, por exemplo, o seguro para terceiro pode cobrir o prejuízo que, não raro, pode ser maior que o valor da moto”, diz Sebastião.


Esse tipo de seguro custa, em média, R$ 300 e ainda dá direito a guincho e atendimento de emergência (dependendo da companhia), entre outros serviços interessantes para os proprietários de motocicletas. E pode mesmo ser uma boa opção enquanto um mundo utópico, sem roubo ou furto de motos e a subsequente venda de peças em desmanches, não vira realidade.

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