sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Como é feita a perícia de uma batida de carro?

Depois que o local do acidente é isolado por policiais e agentes de trânsito, o perito entra em cena para realizar uma investigação técnica, que identifica a causa e a dinâmica da ocorrência. Mas ele só vai a campo quando há vítimas fatais. Lá, analisa todos os elementos que compõem a cena – das placas às marcas de frenagem, dos destroços do veículo às testemunhas. Sua função é só interpretar as evidências, sem julgar ou apontar culpados. O laudo final é encaminhado a um Fórum e passa por delegados, advogados e promotores, até chegar ao juiz que vai presidir o caso.
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PISTAS NA PISTA
Conheça os elementos que o perito avalia no local de um acidente
DE OLHO NO ASFALTO
Quem dirige sabe: nem sempre as vias públicas estão bem cuidadas. E um mero buraco já pode causar um acidente daqueles. Os peritos também procuram por diferenças no asfalto (como recapeamento), conversões no pavimento (como ruas de paralelepípedo que foram asfaltadas) ou qualquer outro tipo de alteração (como lombadas, tartarugas e depressões).
LATA VELHA
É preciso ficar de olho nos carros avariados: batidas também podem ser causadas por má conservação, como pneus carecase sistemas de freio e direção defeituosos. Para detectar se algo foi danificado antesdo acidente, como luzes de freio e quebra na suspensão, a perícia usa técnicos do laboratório de física do instituto de criminalística.
Gostade tunar o carro? Saiba que alterações como turbo e rebaixamento também entram no laudo da perícia.
VOCÊ VIU ISTO?
Na maioria dos casos, o depoimento de testemunhas é o meio mais claro para que o perito tenha uma ideia do que aconteceu. Eles servem de base para que, com as evidências, o profissional desenhe um croqui do acidente. Mas às vezes há relatos que não condizem com os fatos – e essas contradições também entram no laudo final.
SECOS E MOLHADOS
A condição climática influencia diretamentea visibilidade e a aderência do veículo à pista – portanto, podem dar pistas essenciais sobre o que aconteceu. O problema é quando chove demais: o aguaceiro acaba eliminando muitas evidências. Os primeiros 15 minutos de um temporal liberam lubrificantes do asfalto e são o período mais arriscado para dirigir.
ESCREVEU, NÃO LEU...
Outro elemento que pode provocar acidentes é a sinalização. Tanto a vertical (como as placase os semáforos, que podem estar desgastados, danificados ou encobertos por árvores) quanto a horizontal (como faixas de pedestres ou indicações de “pare” apagadas ou ainda marcações de mão dupla em ruas recém-convertidas em mão única). Em 95% das vezes, a causa principal de um acidente é o condutor.
QUEIMANDO BORRACHA
Um dos melhores indícios são as marcas deixadas no piso: com elas, é possível calcular a velocidade do veículo na hora da trombada e até o tempo de reação do condutor ao acionar a frenagem. Freios ABS são mais difíceis de identificar que os outros: é preciso usar um filtro polarizador para distinguir as duas marcas por meio de contrastes.
MARTELINHO DE OURO
Para um olho bem treinado, deformações na lataria contam uma história. A direção da depressão indica o sentido da batida. A altura corresponde à do carro que causou o estrago. Riscos e ranhuras com vestígios de tinta confirmam a cor dos veículos envolvidos. Peças e resíduos liberados no asfalto no momento da ocorrência também são coletados.
EXAME DE ROTINA
Nas vítimas, o perito faz o levantamento somente de lesões aparentes, como marcações do cinto de segurança no tronco, cortes e escoriações. Essas informações serão analisadas ao longo da investigação por um legista. O relatório inclui a descrição dos ferimentos e sua possível ligação com danos no interior do veículo.
FONTE: Ademir Souza das Chagas, da Equipe de Perícias Criminalísticas Norte, do Instituto de Criminalística da Superintendência de Polícia Técnico-Científica do Estado.

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