Temos também o evolucionismo cultural, talvez o que mais se adapta a situação que quero evidenciar. Pois para Winick (1969:258), evolucionismo é a “teoria segundo a qual toda a vida e o universo se desenvolveram graças ao crescimento e às mudanças”.
É então, o evolucionismo cultural que concebe cultura quando e onde quer que se encontrem o seu desenvolvimento progressivo através dos tempos e a seqüência básica desse desenvolvimento entre todos os povos da terra. (Antropologia – Marconi e Pressotto).
O homem é um ser nômade por natureza. Desde os tempos pré-históricos, a sobrevivência esteve intimamente ligada com o movimento migratório de tribos inteiras pela busca do alimento e proteção contra o clima adverso e contra os predadores.
Neste contexto a agressividade também é um componente na vivência de todo ser humano e se articula na afetividade de todas as pessoas, pois é algo natural e necessário para a sobrevivência e crescimento do homem! Evidentemente, o que nos assusta é justamente, a forma que essa agressividade se manifesta.
Os dias atuais, me lembra as aulas de Filosofia Jurídica, Ciência Política, Teoria Geral do Estado, onde ouvia a explanação dos mestres, a respeito das formas de governo, principalmente a teoria defendida por Tomás Hobbes, que afirmava que “os homens, no estado da natureza, eram inimigos uns dos outros e viviam em guerra permanente e como toda guerra termina com a vitória dos mais fortes, o Estado surgiu como resultado dessa vitória, sendo uma organização de grupo dominante para manter o domínio sobre os vencidos”.
Analisando as frases célebres de Hobbes que descreve o homem como: "Homo homini lupus", o homem é o lobo do homem; "Bellum omnium contra omnes", é a guerra de todos contra todos. Neste sentido, posso entender e não compreender o que está acontecendo em nossa sociedade contemporânea, principalmente, no que diz respeito trânsito. O ser humano, numa frenética busca pela existência, querendo que seus desejos sejam atendidos, e achando que seus interesses são mais prioritários do que os dos outros, se lançam numa busca ao seu estado mais primitivo para vê-los atendidos.
Estamos assistindo a tudo, como se estivéssemos num reality show, não foram as poucas as vezes, que as pessoas chegaram a se degladiar, como se numa arena estivessem. Tudo para mostrar quem é o mais forte, e garantir assim, por força, como se num Estado natural estivesse.
As sociedades primitivas são sociedades sem Estado, e isso não é novidade.
Agora é necessário pararmos para refletir. Onde está a falha? Porque essa falta de compreensão? Porque essa falta de respeito com as regras impostas? Porque a falta de respeito para com os outros?
A obra “Dos delitos e das penas”, do célebre Cesare Beccaria, apesar de trazer a reflexão o sistema criminal, ela também trás para nossa sociedade os aspectos sobre erros e preconceitos, leitura importantíssima a qualquer pessoa que gosta de boas leituras, apesar de um tanto quando complexa num primeiro momento, mas, aos poucos ela toma um direcionamento interessante e razoável.
Não podemos nos acostumar com estas situações diárias que estão ocorrendo e sendo noticiadas, sejam normais, porque há um descontentamento em função dos transtornos causados pelas mudanças que estamos sendo submetidos, mas ao mesmo tempo, não se justifica, sairmos para fazer justiça com as próprias mãos, a quem não tem culpa, sendo tão vítima como qualquer pessoa.
Estamos vivendo um Estado democrático de direito, talvez não tanto de fato, pois ainda há flagrantes de censura, mas com isso não justifica as barbáries que estamos nos submetendo. É chegado o momento, de buscarmos juntos, um mundo melhor para se viver, a vida é curta demais, para ficarmos brigando uns com os outros, brigas estas que não nos levam a nada, pelo contrário, somente despertam sentimentos ruins, como o ódio, o rancor, que com certeza, só faz mal ao seu hospedeiro.
Há várias formas de buscarmos nas garantias, inclusive às constitucionais. Mas, para isto deveremos usar nossas representações devidamente legitimadas pelo sufrágio. Não podemos jogar fora todas as conquistas ao longo dos séculos. A final somos homo sapiens sapines (homens que sabem que sabem ou homens sábios). Diante da atual conjuntura, com tamanha a barbárie no trânsito, fica o questionamento, somos homo sapiens sapines?
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