Eleito duas vezes vice-presidente da República, em 1955 e 1960, João Goulart
tornou-se Presidente da República em agosto de 1961 com a renúncia de Jânio
Quadros. Em sua posse, em 7 de setembro de 1961, Jango afirmou que todo o país
deveria se mobilizar na luta pela emancipação econômica, contra a pobreza e
contra o subdesenvolvimento.
» Leia os discursos do presidente João Goulart
“Reclamamos a união do povo brasileiro e por ela lutaremos com toda a
energia, para, sob a inspiração da lei e dos direitos democráticos, mobilizar
todo o País para a única luta interna em que nos devemos empenhar, que é a luta
pela nossa emancipação econômica, que é a luta contra o pauperismo, a luta
contra o subdesenvolvimento”, afirmou.
Já em 13 de março de 1964, em meio às tensões sociais e à pressão externa, o
presidente discursou na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para um público
estimado de 150 mil pessoas. Na ocasião, Jango anunciou as reformas agrária,
tributária e eleitoral. Ele ainda afirmou contar com a “compreensão e o
patriotismo” das Forças Armadas.
“Reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças
pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela
reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela
elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela
emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil”,
disse.
Em 19 de março, realizou-se, no Rio de Janeiro, a Marcha da Família com Deus
pela Liberdade, organizada pela Campanha da Mulher pela Democracia (Camde) e
Sociedade Rural Brasileira (SBR), entre outras entidades. A marcha tinha como
objetivo mobilizar a opinião pública contra a política desenvolvida pelo governo
de Jango, que conduziria, de acordo com seus opositores, à implantação do
comunismo no Brasil. Em 25 de março ocorreu a Revolta dos Marinheiros, quando
marinheiros e fuzileiros navais contrariaram ordens do ministro da Marinha e
foram, posteriormente, anistiados por Goulart, acirrando as tensões entre seu
governo e os setores militares.
No dia 30 de março, o presidente compareceu a uma reunião de sargentos,
discursando em prol das reformas pretendidas pelo governo e invocando o apoio
das forças armadas. Em 31 de março de 1964, o comandante da 4ª Região Militar,
sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, iniciou a movimentação de tropas em
direção ao Rio de Janeiro. A despeito de algumas tentativas de resistência, o
presidente Goulart reconheceu a impossibilidade de oposição ao movimento militar
que o destituiu. O novo governo foi reconhecido pelo presidente norte-americano,
Lyndon Johnson, poucas horas após tomar o poder.
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