sábado, 4 de janeiro de 2014

O que há por trás dos simuladores de direção?

Simuladores para aula de CNHinsatisfações de acolá e outros interesses envolvidos, iniciamos 2014 com duas realidades bem assentadas (pelo menos, até segunda ordem): a obrigatoriedade do airbag frontal e freios ABS para os carros nacionais saídos de fábrica, e a realidade dos simuladores de direção.
É claro que os insatisfeitos não se dão por vencidos, ainda vão lutar muito para a desobrigatoriedade dos simuladores, mas a questão é: o que há por trás dos simuladores de direção? O que há por trás da desaprovação dos simuladores de direção?


Se olharmos com os olhos do legislador, veremos que a proposta se alinha bem com o momento em que estamos vivendo no mundo: a evolução da tecnologia e as novas ferramentas facilitadoras do ensino e a aprendizagem num cenário eminentemente digital.


Como educadora de trânsito entendo que os simuladores de direção podem ajudar muito no ensino e na aprendizagem, mas não antes das aulas práticas como reza a Resolução 444, de 25 de junho de 2013. Até porque o simulador de direção é para quem já tem noções de dirigibilidade, de algum controle do carro, não para quem só traz na bagagem a teoria focada na memorização.


Se olharmos com os olhos dos proprietários de CFC, será um custo a mais, desnecessário, uma obrigatoriedade que vai exigir que se desembolse algo em torno de R$ 20 ou R$ 30 mil, o que vai pesar nas contas da empresa.


Mas, alguém aí está olhando com os olhos do futuro motorista, que é realmente quem está por trás do simulador de direção?


Alguém está olhando para os simuladores de direção com os olhos de verdadeiros educadores que deveríamos ser, comprometidos com um ensino e uma aprendizagem significativa que pode contribuir para ajudar o aluno a aprender?


Sinceramente, já vi e li de tudo em relação aos simuladores de direção, mas até agora nenhum artigo que apresentasse e comentasse as vantagens e desvantagens para cada um dos envolvidos: CFC’s, alunos, governo, empresas e instituições envolvidas nessa proposta de inovação.


Tudo o que se lê por aí sobre os simuladores de direção são declarações inflamadas, passionais, patrimonialistas, algumas com certo exagero na acidez, no deboche e na ironia, dependendo, claro, dos interesses envolvidos.


No final de 2013 parece ter sido difundido um verdadeiro movimento contra os simuladores nas redes sociais com foco no carro-chefe: tirar carteira de motorista depois do simulador vai custar mais de R$ 3 mil! Mas, será esse o único argumento contra?


Curiosamente, também dispararam as promoções de um processo inteiro de habilitação com descontos de mais de 50% e que derrubava o preço para algo em torno de R$ 350,00 mesmo com a obrigatoriedade dos simuladores. Detalhe: os CFC’s que anunciam tais promoções ainda destacam: “conforme anunciado na tevê”.


O que eu gostaria de entender é como que esses CFC’s conseguem baixar tanto o preço do processo de habilitação e ainda desembolsar algo em torno de R$ 100 mil para fazer propagandas na tevê anunciando o processo de habilitação a preço de banana enquanto o alerta é que custaria mais de R$ 3 mil!


CFC’s sendo vítimas do fogo amigo? Tomando bolada nas costas de quem joga ou deveria jogar no mesmo time?


Que tal levantarmos esse tapete para enxergarmos o que estamos querendo varrer para debaixo dele e começarmos a debater a questão de modo sério, bem fundamentado e com outros argumentos que não sejam só os custos, as cifras, os valores?


Enquanto o processo de formação de motoristas no Brasil for visto e tratado de forma exclusivamente patrimonialista corre-se o risco de argumentos de vidro!


Chega a parecer que tem muito mais gente interessada num processo de habilitação falho, capenga, ultrapassado e desatualizado do que pessoas interessadas em esclarecer e debater de forma séria o assunto. Aumente-se lá a carga horária das aulas práticas e tudo se resolve!


Será que todo mundo que colocou a boca no megafone virtual para criticar e desabonar a proposta dos simuladores já pegou nas mãos, já leu, já analisou os estudos feitos por instituições sérias, de credibilidade, que estão desenvolvendo essa TI?


Afinal, não se pode falar com propriedade, tampouco criticar o que não se conhece. Algo tão sério não pode ser decidido no grito, nem podemos ser Maria Vai Com as Outras.


Minha sugestão: faça-se uma lista de prós e contras, de vantagens ainda não mencionadas e outras desvantagens que não seja só o custo para o processo. Aí sim, teremos argumentos sólidos para sermos contra ou a favor porque conheceremos mais sobre a proposta em si e seus desdobramentos.


Lembrando que os simuladores para moto estão em fase de estudos por um instituto ligado à Universidade Federal de Santa Catarina. Ainda dá tempo de conhecer esses estudos e não deixar para se mobilizar só em função do quanto vai custar.

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