A orientação de lideranças ligadas às autoescolas para que boicotem a compra do simulador de direção na esperança de que a Resolução 444/2013 seja anulada, extinguindo a obrigatoriedade de compra do equipamento está se tornando um cabo de guerra. Ao boicotar os simuladores de direção porque não concordam com a resolução que tem força de lei federal, como as autoescolas estão ensinando os alunos a respeitarem as demais resoluções e leis de trânsito?
De um lado, a obrigatoriedade de compra e instalação dos simuladores de direção desde o primeiro dia do ano por força de uma Resolução com efeito de lei federal sem adiamentos e sem previsão de extinção.
As autoescolas alegam que a lei dos simuladores foi empurrada goela abaixo de uma hora para outra; o Denatran alega que o assunto já estava em pauta desde 2010 e os principais representantes dos CFC’s foram convidados e participaram de todas as reuniões e, portanto, não existe novidade, mas sim, rejeição aos simuladores.
Apesar das pressões de todos os tipos (carreatas de veículos de CFC, atos de repúdio na mídia e nas redes sociais, comparações ingênuas entre simulador e videogame, dentre outros), não há nada de oficial quanto ao adiamento. Pelo contrário, o Denatran está formando uma comissão técnica itinerante que vai visitar os Detrans em todos os estados para orientar e tratar da questão da implantação dos simuladores.
O que acontece é o seguinte: temos uma Resolução que é lei federal e válida para todo o país e que, portanto, deve ser cumprida como qualquer outra lei em pleno vigor, como ensinamos nas autoescolas aos nossos alunos. Ora, não gostar de uma lei e negar-se a cumpri-la não faz essa lei deixar de existir ou de ter efeitos legais. Pelo contrário, traz consequências, mas parece que ninguém acredita nelas.
Mas é lógico que desse jeito vai faltar simulador mesmo ou atrasar o processo: a resolução entrou em vigor em 1º de janeiro e há estados da federação em que nenhum CFC encomendou o equipamento. Considerando que todos sabem que são necessários de 60 a 90 dias para a entrega, a ideia é forçar o colapso no sistema de habilitações, culpar os fornecedores, o Denatran e depois ainda dizer: “eu avisei!”
E no meio desse cabo de guerra em que um puxa de lá, outro puxa de cá enquanto outros torcem para que a corda arrebente, fico me perguntando como as autoescolas ensinam os seus alunos a cumprir as leis e resoluções de trânsito no nosso país porque concordam ou não com elas. Pelo exemplo de boicotar lei federal?
Meus caros, não se trata aqui de defender ou não os simuladores de direção ou de entrar no cabo de guerra e começar a puxar junto a corda do lado de um ou de outro. Mas, sim, de tentar entender os verdadeiros (des)interesses pela implantação do simulador de direção e essa resistência toda. Dizem que lutam para evitar o colapso. Mas, à custa do próprio colapso?
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