Enquanto as bombas caem no front (e por todo o lado) transformando o cumprimento da Resolução nº 444, que trata dos simuladores de direção, num campo de batalha e relegando a parte pedagógica a segundo plano, deixemos de lado um pouco a questão patrimonialista para conhecer alguns estudos científicos sobre o simulador.
Para aqueles que comparam o simulador de direção a um ATARI como já se viu nas redes sociais ou a brinquedinhos de luxo, é bom saber que trata-se de uma tecnologia de ponta que segue a tendência mundial de quem vive na sociedade da informação, da pesquisa e tecnologia.
O estudo de caso intitulado O Fiel Efeito do Simulador de Condução sobre a Eficácia da Formação foi realizado em 2007 por Allen, Park, Cook e Firentino, do Southern Califórnia Research Institute, nos Estados Unidos, demonstrarou que o uso do simulador de direção durante o processo de formação do motorista é uma das soluções para baixar os altos índices de acidentes de trânsito. A redução pode chegar a 50% entre os novos motoristas.
Em 2005 esses mesmos autores já tinham publicado pesquisa sobre como o simulador de direção influencia o desempenho da direção pelo motorista novato.
Ainda em 2007, uma pesquisa da Universidade Politécnica de Madri em conjunto com o Instituto Humanist e a Associação Européia para a Sociedade da Informação e Tecnologia divulgaram o Relatório sobre a eficácia dos simuladores como ferramenta educacional e o uso de Tecnologias da Informação (TI) para treinar e educar os motoristas.
Em 2010, Winter, Van Leeuwen e Happee, do Departamento de Engenharia Biomecânica da Delft University of Technology, na Holanda, apresentaram um estudo sobre as principais vantagens e desvantagens do simulador de direção.
Em 2011 os pesquisadores da Universidade de Massachussets e da Holanda apresentaram um estudo sobre os simuladores de direção como ferramenta para a formação e avaliação de novos condutores.
Os simuladores de direção também são utilizados para avaliar com muito mais fidelidade as condições para dirigir de candidatos com lesões cerebrais e as medidas de validação dos resultados são mais exatas do que um teste de estrada tradicional como preditor de condições e desempenho para dirigir (Taylor & Francis Group, 2011).
Esses são apenas alguns estudos sobre o assunto, dentre outros que desde o século passado vem investigando científicamente como os simuladores de direção podem ajudar a melhorar o processo de ensino e de aprendizagem da direção veicular. Pesquisadores como Caro (1977), Breda e Burry (1991), Dettermann (1993), Corteling, Oprins e Kallen (2001), Kappè (2001), Boldovici (2002), Alvarez, Salas e Garofano (2004), Hays (2005), Emmerik (2012), dentre muitos outros cientistas em todo o mundo.
Portanto, como se vê, o simulador de direção não é novidade nos países desenvolvidos e seu estudo vem sendo feito pelas mais respeitadas universidades que qualquer profissional que atue no trânsito e no ensino e aprendizagem da direção veicular gostaria de estar matriculado.
Não se trata de um brinquedinho bobo, de luxo ou novidade que inventaram agora como muitos possam pensar. A utilização de simuladores de direção pelo Departamento de Neurologia da Universidade do Kansas possibilitou detectar os efeitos do Mal de Alzheimer sobre o desempenho dos motoristas.
Os simuladores também são usados para pesquisas nas áreas de fatores humanos, clínicos e psíquicos (medicina), para monitorar o comportamento do condutor, desempenho, atenção, relação com uso de drogas e medicamentos e por fim relação com doenças. Em ambiente controlado experimental permite avaliar os efeitos das limitações físicas, mentais ou visuais no comportamento de condução e seus efeitos como a distração.
Para os deficientes físicos o simulador conta com provas de aceleração e frenagem feitas com os pedais ou pelo sistema push & pull, a alavanca que permite acelerar e frear com movimentos manuais de rotação e pressão.
No Brasil, os simuladores de direção tanto para carro quanto para moto foram e estão sendo desenvolvidos pela Fundação Certi (Centro de Referência em Tecnologia Inovadoras) da Universidade Federal de Santa Catarina, uma das mais respeitadas no Brasil e no mundo, sobretudo pela geração de soluções tecnológicas inovadoras.
Portanto, não cabe se referir ao simulador de direção de forma pejorativa e desabonadora para tentar mascarar ou justificar outros interesses patrimonialistas que estejam por trás de sua implantação.
Para quem não acredita ou torce contra, o momento é histórico para um processo de formação de condutores capenga e à beira de um colapso pedagógico, que precisa urgentemente ser atualizado, mudado e melhorado
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