Um segundo. Dois, talvez. É esse o tempo que levamos para perder a concentração e, quem sabe, provocar uma tragédia. Falar no celular para o Código do Trânsito Brasileiro (CTB) é uma multa média, mas para a vida pode ser gravíssima.
Falar no celular é proibido pelo artigo 252 do CTB e especificado no inciso VI. Nesse artigo existem mais cinco incisos, elencando outras infrações, sendo que o uso do celular é responsável por 82% do total destas infrações segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran).
E a velha história de “falei rapidinho” ou “só respondi uma mensagem” não justifica. A diretora de ensino do CFC Valderez em Novo Hamburgo, Solange Lopes, confirma. “Ao falar ao celular, o motorista não estará com as duas mãos no volante, estará desatento e perderá o reflexo. É um segundo e ele perde a atenção”, diz. No ranking, o uso de celular está em sétimo como infração mais cometida por motoristas gaúchos em 2013 e 2012.
Fones bluetooth, viva voz, fone normal são paliativos. Isso é o que afirma o professor da área de trânsito e diretor do Departamento de Segurança e Trânsito do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, André Moura. “Estudos da psicanálise explicam que precisamos dos cinco sentidos para dirigir. Se recebemos uma ligação até mesmo de uma coisa boa, isso pode nos deixar eufóricos demais.Fora as notícias ruins e os problemas. Não é só o ato de pegar o telefone, e sim da informação”, explica Moura.
O diretor do instituto alerta que até mesmo o ato de trocar de estação de rádio ou de mudar a faixa do CD pode atrapalhar. “São frações de segundo. É tudo muito rápido.”
É como beber quatro copos de cerveja
Dirigir e falar ao celular parece ser uma infração socialmente aceita, mas não deveria ser. Essa é a conclusão da coordenadora da Escola Pública de Trânsito do Detran, Fernanda Ellwanger de Lima. “Assim como muitos tomaram consciência de que beber e dirigir faz mal, é preciso também saber que falar ao celular é muito perigoso.” Segundo Fernanda, dirigir ao celular é um dos cinco maiores comportamentos de risco que a Organização Mundial de Saúde tenta combater.
“Falar com celular na direção é tão perigoso quanto ter bebido quatro copos de cerveja”, compara ela, lembrado que o melhor fiscal de trânsito é o bom motorista.
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