O ortopedista Murilo Daher explica que o trauma pode afetar funções motoras sensitivas e muitas vezes a pessoa passa a se locomover em cadeira de rodas
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é comemorado hoje. A lesão na medula espinhal é uma deficiências mais comuns entre todas.O médico ortopedista especialista em cirurgia da coluna do Centro de Reabilitação Dr. Henrique Santillo (Crer), Murilo Daher, explica que este tipo de lesão como “fratura na coluna que leva à compressão da medula e ao déficit da função neurológica, ou seja, o trauma pode afetar funções motoras sensitivas e muitas vezes a pessoa passa a se locomover em cadeira de rodas”.
Ele informa que nas grandes cidades os principais causadores do problema são acidentes de trânsito, com motoqueiros em primeiro lugar, seguido de quedas de grandes alturas e acidentes com armas de fogo. Ele não tem números exatos do total de pacientes atendidos pelo Crer que são vítimas de lesão da medula espinhal. Contudo, declara que a unidade faz uma média de 1.900 atendimentos e muitos deles são vítimas de acidentes e com quadro de lesão medular. O médico diz que o trauma provoca alteração esfincteriana e isso interfere no processo urinário e fecal.
O especialista aponta para duas consequências do trauma: o acidentado pode ficar tetraplégico, quando são afetados os membros inferiores e superiores ou paraplégico, que é quando apenas os membros inferiores são acometidos. Esclarece que na maioria dos casos a sensibilidade do órgão atingido é afetada. Informa que quanto mais rápido for o atendimento, maiores são as chances de recuperação.
O ortopedista explica que quando o trauma é total, a chance de recuperação é menor do que quando a lesão é parcial. Quanto ao perfil dos pacientes com esse tipo de problema, ele diz que são homens jovens em período produtivo, ou seja, acidentes com esse tipo de trauma retiram milhares de brasileiros do mercado de trabalho. Diz que muitos casos são de acidentes de quedas de altura ocorridos com trabalhadores da construção civil. Também cita casos de fratura da medula cervical no pescoço devido a mergulho em águas rasas.
Procedimentos
O médico Murilo Daher diz que o atendimento inicial cirúrgico é muito importante. “Em longo prazo é a reabilitação que serve para reinserir o indivíduo à sociedade da forma mais independente possível”. Ele explica que o paciente aprende, por exemplo, a se transferir sozinho da cadeira de rodas para a cama e a fazer sua higiene pessoal e também outras atividades. Informa que o atendimento é multiprofissional. Este se inicia com a ida ao cirurgião, o ortopedista, fisiatra, fisioterapeuta, psicólogo e dependendo do caso, urologista, neurologista, psiquiatra e outros.
Relatório da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentou ontem, em Genebra, na Suíça, estudo elaborado em nível mundial, sobre lesões na medula espinhal. O levantamento mostra que anualmente cerca de 500 mil pessoas ficam incapacitadas no mundo devido a esta modalidade de trauma.
Segundo o estudo, cerca de 90% das lesões são causadas por traumas, como acidentes de carro, quedas de grandes alturas ou violência. Os percentuais, no entanto, variam de acordo com as regiões. Na África, por exemplo, 70% lesões da medula espinhal se devem a acidentes de trânsito; percentual que na Oceania cai para 55%. No Sudoeste Asiático e na zona oriental do Mediterrâneo, as quedas de grandes alturas representam cerca de 40% dos casos.
No caso das lesões não traumáticas, as principais causas são tumores, espina bífida (má formação congênita da coluna vertebral) e a tuberculose – doença que na África Subsaariana representa um terço das lesões medulares não traumáticas. Segundo o relatório, os homens têm mais risco de sofrer lesões na medula entre os 20 e os 29 anos e a partir dos 70 anos. As mulheres tem mais probabilidade de sofrer uma lesão dessa natureza entre os 15 e os 19 anos e depois dos 60.
O relatório alerta também que esse tipo de lesões contribui para o desenvolvimento de patologias secundárias que podem ser letais, como tromboses, infecções urinárias, úlceras ou complicações respiratórias. Além das consequências físicas, como a incapacidade ou a dor crônica, as lesões medulares têm também repercussões emocionais. Entre 20% e 30% das pessoas afetadas mostram sinais de depressão clinicamente significativos.
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