Outra ironia do destino foi aquela que vitimou em 2012 um dos mais respeitáveis no mundo da segurança no trânsito, o educador Paulo Adhemar, que dedicava sua vida a salvar outras vidas. Figura constante na tevê em programas de direção defensiva, ele também estava de carona quando o motorista que foi buscá-lo para uma palestra se envolveu num acidente.
A colisão foi bem na porta onde Paulo Adhemar estava. Depois de 3 sofridos meses lutando contra a morte, ele não resistiu e foi mais uma vítima de acidente de trânsito no Brasil. Paulo Adhemar me influenciava e muito.
O que talvez mais choque as pessoas é que o ator morreu vítima da alta velocidade à bordo de um carrão potente e de luxo como aqueles que ele dirigia protagonizando as cenas de cinema. Só que no cinema o herói não morre, diferente da vida real, mesmo que esteja no banco do carona.
Já Brian O’Connor era o mocinho do filme cuja série tem como temática o mundo da velocidade, dos rachas, das corridas de rua em que os personagens (ainda que fictícios) reproduzem na tela do cinema o comportamento real de motoristas ainda muito jovens que gostam de sentir a adrenalina provocada pela velocidade.
Talvez a polêmica não fosse tanta se a causa de sua morte fosse outra que não num acidente de trânsito que reproduziu e não teve o mesmo final feliz das cenas que ele protagonizava no cinema.
A questão nem é essa, mas sim, se o filme Velozes e Furiosos influencia ou não as pessoas a terem comportamento agressivo no trânsito, se as arrancadas, aceleradas e se a emoção e a adrenalina mostradas nas telas influenciam os jovens motoristas da vida real.
Porque é exatamente isso, a emoção de correr ou morrer como diz o personagem de Vin Diesel no filme, que busca quem faz racha na vida real. Não seria a mesma emoção e a mesma adrenalina daquele motociclista que deu entrevista neste final de semana se orgulhando de jogar 300km/h na moto e dizer que só pára quando estiver morto?
Não seria a mesma emoção que buscava a moça de 19 anos que acelerou até 170km/h, que fotografou a “proeza” antes de morrer e que já havia postado foto do velocímetro a 180km/h com as legendas #instadivertido e #instaveloz?
Vocês já viram a quantidade de adesivos alusivos ao filme Velozes e Furiosos vendidos na internet para o público que faz racha?
Quem aí pode afirmar de certeza, com toda garantia, que muitos motoristas que fazem racha, que cometem imprudência e negligência não se influenciaram ou não tentaram imitar o que viram nas telas do cinema sendo estes os mais jovens e os mais influenciáveis?
Seres humanos são os únicos que precisam de exemplos para seguir. Quantos e tantos filmes tem suas cenas transformadas em mensagens motivacionais para fazer equipes de vendas superarem metas e até para fazerem outras pessoas reencontrarem o sentido da vida?
Que fique bem claro que quem morreu foi Paul Walker, o ator, porque Brian O’ Connor, o personagem, nunca morre, nunca se machuca gravemente nem de carona.
Propositalmente, o cinema nunca mostra as consequências de ser veloz e furioso nas ruas, cometendo todo tipo de imprudência e de risco à própria vida e à dos outros. Talvez, seja por isso que possa influenciar tanto.
Meus sentimentos à família do ator que perdeu o homem de carne e osso em mais um acidente de trânsito.
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