quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Trânsito mata 5 pessoas a cada hora no País .

A cada hora cinco pessoas perdem a vida em desastresA todo momento meus filhos perguntam por que o pai morreu. É muito difícil. A triste declaração  de Adriana Mazoni Pagani,  28 anos, é reflexo de uma tragédia que assola o País todos os dias: mortes por acidente de trânsito. Pesquisa divulgada pela CNM revela dados alarmantes. A cada hora cinco pessoas perdem a vida em desastres. No total, em 2011, foram 43.256 mortos em acidentes que ainda deixaram 580 mil pessoas feridas.
Adriana perdeu o marido, Rodrigo, em abril de 2012. O carro em que estavam foi atingido por um veículo que andou 10 quilômetros na contramão da rodovia Washington  Luís, em Rio Preto. Ela ainda espera que motorista causador do acidente seja condenado. “Quero justiça”, diz.  

A pesquisa realizada pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios) aponta que em três décadas 900 mil pessoas perderam a vida em acidentes. O estudo ainda  mostra que a taxa no estado de São Paulo de mortes em acidentes é de 17,7 num grupo de 100 mil pessoas. Algumas cidades do estado tem quase o dobro dessa taxa. É o caso de Rio Preto e Jundiaí. Ambas tem taxa de mortes de 33,2 (veja ao lado). Essas  cidades tem média de mortos no trânsito semelhante à do Irã, país que tem a quarta maior taxa do mundo, de 34,1. 

As mortes incluem desastres dentro da cidade e em rodovias que cruzam os municípios. Sorocaba, Campinas e Bauru são outras cidades que possuem taxas acima da média estadual e, por vezes, acima da nacional, que é de 22,5 mortos por acidente a cada 100 mil moradores. A campeã do Estado fica no litoral sul: Miracatu, que tem 20 mil moradores e taxa 156,4. A cidade fica ao lado da rodovia BR-116.

O trânsito brasileiro deixa todos vulneráveis. No ano passado, por exemplo, 40.416 pedestres foram internados depois de atropelamentos. “São números alarmantes, que vemos com grande pesar”, afirma o diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, José Aurélio Ramalho. Segundo ele, nem mesmo taxas baixas, como na região do ABC são motivos para comemorar. “Cidades como Santo André tem grande fluxo de veículos e baixa velocidade. Pode ter menos mortes, mas muitos  acidentes e feridos com sequelas graves. E os leitos de hospitais ficam lotados de feridos em acidentes”, alerta.

Movimento quer lei mais dura no trânsito
Com o aumento galopante de acidentes no País,  muitos dos quais envolvendo motoristas embriagados, movimento que ganha cada vez mais força nas redes sociais busca penas mais duras. Para isso, o grupo pretende apresentar no Congresso projeto de iniciativa popular para que acidente com morte que envolva motorista bêbado seja considerado crime que pode dar até oito anos de prisão.

Atualmente, alguns juízes classificam acidentes como homicídio doloso e motoristas podem até ir a juri popular. Mas isso não é a regra. “Defendemos penas maiores”, afirmou Vinícius Del Rio, que integra o movimento “Não foi acidente”.  O portal “naofoiacidente” já reuniu mais de 900 mil assinaturas. 

No entanto, não são apenas motoristas que bebem que se tornam perigo no trânsito. O ato de falar ao celular e dirigir tem a mesma gravidade, segundo o diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária. “Quem dirige e fala ao celular não percebe nada em volta. É muito grave”, afirmou José Aurelio Ramalho ao BOM DIA.

análise: ademir souza das chagas, perito e analista em acidente de transito,
As sequelas são mais graves 

Os dados do trânsito no Brasil são realmente alarmantes. Há uma grande dificuldade de se conseguir dados exatos.  O Observatório tem feito monitoramento para levantarmos banco de dados bem atualizado sobre o País, que será publicado no começo do ano que vem.

Uma questão muito importante  que observamos quando participamos de fóruns na América Latina é que se foca muito em números de mortos.  É claro que a dor é muito grande para um parente que perdeu alguém num acidente. Mas as sequelas que ficam nos acidentados são gravíssimas. Falo de pessoas que sofrem acidentes e precisam passar por cuidados médicos que exigem muitas vezes grandes cirurgias e danos até permanentes para toda a vida. Os acidentes que provocam sequelas graves têm aumentado drasticamente no país. Precisamos pensar formas de se ter menos acidentes porque os leitos de hospitais estão lotados de pessoas acidentadas. Se tiver menos acidentes teremos mais leitos nos hospitais disponíveis.

Outra questão muito importante é que se fala muito sobre acidentes em que motoristas dirigem embriagados, mas é preciso ver outros aspectos também. Celular e alta velocidade são grandes causadores de acidentes. Costumo dizer que o motorista que está “on” no celular está “off” no trânsito. É uma coisa muito grave e que não se consegue medir ao certo. Porque depois de provocar acidente falando ao celular o motorista sai e não está com sinais de embriaguez. O caso é tratado de forma diferente. Mas é muito grave. Outra questão é quando consta que motorista perdeu a direção. O que aconteceu foi algum erro que provocou isso.

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