sábado, 28 de setembro de 2013

Matemática serve para justificar o investimento em transporte

O trânsito  nas grandes cidades do Brasil atrapalha a vida dos trabalhadores e tira a paciência dos motoristas. No Recife, durante o horário de pico, o trânsito fica quase totalmente parado. Uma forma de melhorar essa situação é investir no transporte público. A matemática ajudou a entender as razões de trazer mais ônibus às ruas, na reportagem do Projeto Educação desta quarta-feira (25).

Com trânsito congestionado, as pessoas estão morrendo, de acordo com Sindicato dos Hospitais de Pernambuco. “A dificuldade de as ambulâncias chegarem às emergências dos hospitais faz com que pessoas que poderiam ser atendidas no tempo hábil já cheguem em situação precária ou mesmo em óbito. Os horários de 8h e 9h, de 17h, 18h,  fica incontornável. Não tem como a sirene resolver um acesso mais rápido ou célere”, comentou Mardônio Quintas, presidente do Sindicato.

A educação também fica em risco. Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), circulam por dia, cerca de 40 mil pessoas, equivalente à população de um município como Águas Belas. E todas essas pessoas enfrentam dificuldades de comparecer às aulas ou arcar com os compromissos. “O trânsito tem dificultado, porque, a cada dia, se demora mais para chegar à UFPE. Temos dificuldade para chegar de manhã, à noite e no momento de saída. As aulas não estão sendo finalizadas. Temos estudantes que precisam sair antes do prazo. E isso faz com que a aula seja reduzida, o que nos faz pensar em mudar o calendário acadêmico, acrescentando mais dias. Precisamos de mais ônibus e que não sejam reduzidos depois das 22h, além da garantia que o metrô funcione”, disso Ana Cabral, a pró-reitora para assuntos acadêmicos.

A questão do trânsito é de matemática, pois a conta não fecha. É pouco espaço para muitos veículos.  De acordo com o Detran-PE, são 2,385 milhões veículos em Pernambuco. Destes, 624 mil estão na capital. Uma solução para melhorar o trânsito seria priorizar o transporte público, usado por 2 milhões de pessoas por dia.

Para começar, os ônibus levam grande vantagem sobre os carros quando se fala em número de passageiros transportados. “Um ônibus transporta 49 passageiros sentados e 47 em pé. Um total de 96. Fazendo a estimativa que cada carro transporta duas pessoas, então, para que se retire carros da rua, precisamos fazer o seguinte cálculo: 96 passageiros divididos por 2, o que dá um total de 48 carros . Então, cada ônibus retira da rua 48 carros”, disse o professor Aliomar Santos.

Em relação à área ocupada nas ruas, os ônibus também levam vantagem. “O espaço ocupado por um ônibus é mais ou menos o ocupado por quatro carros. Como o ônibus ocupa o espaço de quatro carros, dos 48 carros correspondentes, quatro estão ocupando o lugar dele. Então, sobra para a gente 44 carros que ficarão na garagem, caso usuários passem a andar de ônibus”, revelou o professor.

Aliomar também mostrou como seria a conta para reduzir pela metade o número de veículos. “Para retirar metade da frota dos carros do Recife, de 624 mil, a gente precisa retirar 312 mil de circulação. Como a gente sabe que, para 48 carros precisamos de um ônibus, a gente precisa dividir 312 mil por 48, para determinar quantos ônibus serão necessários. Fazendo as contas, a gente tem o valor aproximado de 6.505 ônibus. Comparando com a frota de ônibus que temos hoje, de 3 mil diariamente, precisamos de um acréscimo de 217%”, finalizou o professor.

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