A senadora Ana Amélia informou aos participantes que mais de 200 perguntas e observações foram enviadas por cidadãos brasileiros para a audiência pública por meio do Alô Senado e das redes sociais. O senador Luiz Henrique informou que todas as perguntas seriam entregues aos participantes da audiência para serem respondidas.
- Pagamos caro por um veículo e não temos a qualidade que esperamos por esse preço e não temos também um pós-venda eficiente - afirmou.
Ela informou que, nos últimos sete anos, quase 7 milhões de veículos foram convocados para recall. Anualmente, disse, o Brasil fabrica 3,5 milhões de carros e quase 1 milhão é convocado todos os anos. A jornalista acrescentou que pelo menos 40% dos proprietários convocados acaba não realizando o recall, o que aumenta a insegurança no trânsito.
Ângela também reclamou que a falta de peças para reposição é notória no país e que proprietários chegam a esperar meses para serem atendidos.
Tributos
O secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), João Vicente da Silva Cayres, afirmou que a compra de materiais e componentes são responsáveis por 50% do custo das montadoras de veículos no Brasil. Ele acrescentou que a mão de obra representa 8% do custo, energia elétrica e água 0,3%, despesas com vendas 4%, propaganda 3%, fretes 1,6% e compras de peças de reposição 12%.
Já a participação dos tributos no preço dos carros no Brasil é de 30%, afirmou o sindicalista fazendo comparação com esse percentual em outros países como Estados Unidos (6%), Japão (9%) e Alemanha, França e Reino Unido (17%). Ele aproveitou para criticar o Brasil porque “cobra muito imposto sobre o consumo e muito pouco sobre a renda”.
Como exemplo do peso dos tributos no preço dos carros, João Vicente disse que o Camaro, da Chevrolet, é quatro vezes mais caro no Brasil do que nos Estados Unidos. No Brasil, segundo ele, esse automóvel custa R$ 213 mil, sendo R$ 64 mil de impostos. Ele também afirmou que a maioria dos carros brasileiros está defasada tecnologicamente se comparada com a realidade europeia.
Por sua vez, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Antônio Meneghetti, informou que as 7.600 concessionárias brasileiras movimentam 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e geram 410 mil empregos. Ele também reclamou dos altos impostos.
- De cada R$ 100 do custo da receita líquida do fabricante, a margem bruta média de mercado possível é R$ 17,71 mais R$ 51 de impostos. Preço final: R$ 168 - pontuou.
Ele afirmou que a margem de lucro das concessionárias é muito reduzida.
- Sem sombra de dúvidas, é o maior problema na formação do preço final do automóvel. Se a carga tributária fosse menor, o mercado brasileiro seria muito maior - afirmou.
Meneghetti disse que o governo federal promoveu isenção do IPI para compra de carros novos entre maio de 2012 e dezembro de 2013, o que aumentou as vendas em 1,5 milhão de unidades.
- O governo federal deixou de arrecadar R$ 5 bilhões de IPI, mas ganhou R$ 5,6 bilhões em PIS/Cofins, R$ 6 bilhões em ICMS e R$ 1,5 bilhão de IPVA. Saldo líquido: o Brasil arrecadou mais de R$ 8 bilhões nesses 19 meses - afirmou.
Por sua vez, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou que os carros no Brasil não são caros e negou que as montadoras e fabricantes tenham alta lucratividade no país.
- Representamos 21% do PIB industrial, 5% do PIB brasileiro. A maior empresa em volume de produção do Brasil é a Petrobras e mais de 60% da produção da Petrobras é voltada para combustível automotivo. Portanto, podemos dizer que somos responsáveis por 60% da maior empresa do Brasil – disse Moan ao informar que suas representadas geram 1,55 milhão de empregos diretos e indiretos no país.
Ele afirmou que as montadoras pagam 54% de carga tributária e que o lucro médio dessas empresas no Brasil foi de 2,9% de 2003 a 2011.
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