Na hora de fazer o seguro do automóvel, o CEP (Código de Endereçamento Postal) do cliente pode fazer uma enorme diferença no preço da apólice. Na tentativa de “praticar a justiça tarifária”, como chamam, as seguradoras se empenham em criar perfis risco cada vez mais complexos para definir o quanto cada cliente vai pagar anualmente.
E a diferença no perfil dos clientes evoluiu muito além do clássico “mulher paga menos porque se arrisca menos”. Hoje, detalhes como se o trabalho do cliente tem estacionamento ou se o trajeto de casa para o trabalho passa por determinada região, influenciam diretamente no custo.
“Quanto mais complexo, mais justo vai ser”, afirma Arnaldo Odlevatti Júnior, delegado regional do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguro do Estado de São Paulo). “No futuro, as seguradoras terão ferramentas ainda mais precisas para mapear os riscos.”
De acordo com Odlevati, as diferenças regionais são uma ferramenta legítima e necessária, uma vez que as seguradoras trabalham com fundos que variam de acordo com o número de sinistros. Ou seja, quanto mais acidentes, roubos ou outros danos houver, mais caro os segurados terão que pagar para repor o fundo da seguradora e manter o serviço.
“Hoje temos regiões com definição de perfil de risco, que se cruzam com o do condutor”, diz Odlevati. Ou seja, em Diadema, onde ocorrem mais roubos e furtos, o seguro de um gol é quase o dobro do preço do que o mesmo modelo em Bauru.
“O valor do carro não é determinante para o valor do seguro”, afirma o diretor da Latuf Corretora de Seguros, Alexandre Latuf Filho. “Às vezes o seguro de uma Mercedes pode ser igual ou menor que o de um Gol, por exemplo, porque o perfil do proprietário de um Mercedes é diferente.”
Seguradora coloca rastreador e dá cursos aos segurados
Na mesma linha de ampliar a complexidade do mapeamento do perfil dos condutores, a seguradora Porto Seguro lançou na última semana um novo produto, que visa mapear o comportamento dos clientes a fim de conceder descontos para os usuários que se expuserem menos a situações de risco.
A empresa formulou um plano de seguro para clientes entre 18 e 24 anos, que leva em conta o comportamento do motorista. Além de instalar um rastreador no veículo, a empresa oferece cursos para reforçar a atitude positiva dos clientes. Os cursos de direção defensiva e direção emocional visam reforçar atitudes e o controle emocional na direção, e ajuda no controle do nervosismo e estresse, para prepará-los para situações no trânsito.
Fraudes representam 30% das perdas das seguradoras
As seguradoras somam que as perdas com fraudes podem chegar a 30% dos gastos de uma empresa do ramo, de acordo com Arnaldo Odlevatti Júnior, delegado regional do Sincor-SP. Ele afirma que as tentativas de enganar as seguradoras são muitas, mas algumas se destacam tanto pela frequência quanto pela dificuldade de solução dos casos.
Uma das principais formas de tentar burlar o sistema das seguradoras é a inversão de responsabilidade. Isso ocorre quando o segurado é a vítima em um acidente de trânsito, como uma colisão traseira, e assume a culpa para ter o resgate do prêmio do seguro.
Outra forma de fraude muito usada é quando o usuário entrega o carro para um desmanche e simula um roubo.
Alterar domicílio pode sair mais caro
A tentativa de fraudar o seguro, declarando domicílio diferente do que realmente se tem é uma opção que pode sair mais caro para o cliente, segundo Fernando Damasco, diretor de Marketing da Gebram Seguradora. “Nos casos de sinistro, o seguro abre uma sindicância e pode negar a cobertura”, afirma.
1% dos casos de fraude podem ser provados.
Fraudes descobertas e provadas são minoria
De acordo com o delegado regional do Sincor-SP, Arnaldo Odlevati Júnior, apenas 1% dos casos de fraude contra os seguros conseguem ser provados pelas seguradoras a fim de que o cliente seja responsabilizado pelos custos do sinistro.
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