Segundo a professora, o trânsito funciona como extensão de outras esferas da vida pública em que o individualismo fala mais alto. É o caso, por exemplo, do motorista que não vê empecilho em utilizar vagas para idosos ao estacionar ou o motociclista que realiza uma conversão pelo canteiro central. “A vida na cidade é tensa, você está cansado, está correndo. É um negócio meio bola de neve. Está congestionado, você faz besteira e acaba, muitas vezes, complicando o problema”, comenta o professor do curso de Engenharia de Trânsito da UFC, Mário Ângelo Azevedo.
Tem jeito?
Seguir as normas de trânsito, aponta o professor, já é um começo. “Se você seguir as regras, a coisa já funciona. Não andar na contramão, não ultrapassar sinal vermelho. Esses são comportamentos de risco. Se todo mundo comprasse essa ideia, ela funcionaria”, reforça Azevedo. Ações como ceder a passagem para o carro vizinho ou diminuir a frequência das buzinas, completa, também não fazem mal. O exercício da gentileza pode ser uma ferramenta importante para a convivência no trânsito.
“Gentileza hoje é uma coisa muito rara, principalmente em grandes cidades, mas é importante que nós a exercitemos”, afirma Ângela Maria de Souza, gestora em educação para o trânsito do Instituto Paz no Trânsito, organização não-governamental que trabalha com projetos de educação em mobilidade urbana. Ângela acredita que, se assumirmos o nosso papel dentro da coletividade urbana, uma mobilidade “mais humana” pode ser construída. “Se cada um fizesse um pouquinho, nós teríamos um trânsito mais sustentável e um motorista mais gentil. Gentileza gera gentileza, né?”.
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