quarta-feira, 2 de abril de 2014

MISTURA ENTRE BEBIDA E DIRECAO, NAO TEM FUTURO, ENFATIZA CAMPANHA

Beber e dirigir mistura perigosaFilme para TV e anúncios para revista e outdoor alertam sociedade para o risco de festas se tornarem tragédias quando quem bebe também dirige
Em poucos segundos, a festa pode se tornar tragédia se houver a desastrosa associação da bebida com a direção. O alerta é da campanha criada pela Giacometti Comunicação/Rio de Janeiro para a ONG Trânsito Amigo. Três versões de filmes para tv e de anúncios impressos para busdoors, revistas e outdoors (“Noivos”, “Foliões” e “Torcida”) serão veiculados gratuitamente, em um engajamento dos próprios veículos de comunicação à causa.


 


Com o tema “Bebida e direção não têm futuro”, a campanha procura conscientizar diversos públicos, de diferentes faixas etárias, que momentos alegres, às vezes planejados durante muito tempo, podem ser bruscamente interrompidos – e nunca mais se repetirem – caso não se evite a irresponsável mistura entre bebida e direção. Na peça “Noivos”, por exemplo, um casal (abraçado, numa alusão à valsa da festa), jaz no asfalto ao lado dos dizeres: 3 anos de namoro, 6 meses de noivado, 1 hora de casamento, morte em 15 segundos.


 


As imagens são impactantes e usam o recurso fotográfico da dupla interpretação visual. Em um primeiro momento, tem-se a impressão que as personagens das peças estão de pé, mas logo percebe-se que estão estiradas no asfalto. A primorosa fotografia é de Márcio Freitas. “Estamos muito satisfeitos em apoiar esse projeto de grande envergadura social, numa iniciativa de alerta geral à sociedade, que deve valorizar momentos importantes do cotidiano, evitando essa mistura fatal entre álcool e direção“, afirma João Santos, diretor de criação da Giacometti Rio. As agências e os profissionais envolvidos na criação e produção do filme abriram mão de seus cachês em apoio à causa.


Luiz Eduardo Ozório, novo diretor de arte da Giacometti Rio, já havia participado das duas campanhas publicitárias feitas anteriormente para a ONG, ambas premiadas e de grande repercussão, inclusive internacionalmente. Na última delas, as imagens, além de circularem por vários sites do Brasil e do exterior, foram usadas em ação educativa no ensino médio da rede pública. Esta quarta campanha da ONG, a primeira criada pela Giacometti Comunicação, reforça a abordagem dos perigos da associação entre bebida e direção, uma das principais causas de ocorrências fatais no trânsito. Ozório também foi responsável, em parceria com Humberto Rosa e Thairon Mendes, da produtora RedLine, pela direção dos três filmes de televisão.


 


Segundo Fernando Diniz, presidente da ONG Trânsito Amigo, Associação de Parentes, Amigos e Vítimas de Trânsito, a combinação fatal abordada na campanha é a segunda maior causa de mortes nas ruas brasileiras – fica atrás apenas do excesso de velocidade. E é a primeira envolvendo jovens na faixa dos 14 aos 29 anos. Ele aposta no impacto da peças criadas pela Giacometti para alertar e conscientizar cada vez mais motoristas. “As mortes no trânsito não são acidentes; são tragédias fúteis, evitáveis e anunciadas. Elas resultam, em sua maioria, de graves infrações”, enfatiza.


As estatísticas oficiais, já assustadoras, estão subestimadas, de acordo com a ONG Trânsito Amigo, o que torna o alerta ainda mais urgente e necessário. Os números não consideram, por exemplo, as mortes que não são imediatas, ou seja, que acontecem dias após a ocorrência (segundo a Organização Mundial de Saúde cerca de 5% das vítimas acabam falecendo em até 30 dias após o desastre e não são  contabilizadas pelos números oficiais). “Infelizmente estima-se de 60 mil a 65 mil mortes anuais no trânsito brasileiro, praticamente um boeing caindo diariamente no país, com famílias sofrendo e chorando”, afirma Diniz, que perdeu seu filho Fabrício, de 20 anos, numa ocorrência no trânsito no Rio de Janeiro, em 2003.


 


E as tristes estatísticas não param de crescer. Em 2013, o número de indenizações a feridos no trânsito, pagas pela Seguradora Líder-DPVAT, gerenciadora do seguro obrigatório pago pelos veículos brasileiros, aumentou 25%, chegando a 644 mil. Entre os feridos, 150 mil tiveram lesões irreversíveis.


 


A conscientização deveria ser poderosa aliada de mais investimentos governamentais para se reduzir essas tristes estatísticas, na análise de Diniz. Ele ressalta que são gastos anualmente pelo governo de R$ 40 bilhões a R$ 42 bilhões com os “acidentes” de trânsito (dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que somam inclusive indenizações, tratamentos de saúde, prejuízos ao patrimônio e ao erário públicos e o corte na produtividade das vítimas). Entretanto, segundo a ONG Trânsito Amigo, nem R$ 1 bilhão chega a ser investido na minimização do problema – em programas educacionais, de policiamento ou fiscalização, apesar da obrigatoriedade legal  para isso e da existência de um fundo específico – o FUNSET –, cuja receita é quase totalmente contingenciada (não utilizada) pelo governo para cumprir o superávit primário.

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