Cento e dezessete pessoas (117) morreram por dia no Brasil em 2010. Em 2012, de acordo com as projeções do Instituto Avante Brasil
É o pior índice (já constante do Datasus) que o Brasil apresentou nos últimos 10 anos: em 2001 as vítimas fatais somavam 30.524, ou seja,
Mantida essa brutalidade nesse ritmo, os números referentes ao ano de 2012 (que ainda serão consolidados) chegam a 46.395 pessoas assassinadas, o equivalente a 127 pessoas por dia ou 5 mortes por hora! (projeção calculada no Delitômetro do Instituto Avante Brasil).
Com uma taxa demasiadamente excessiva (22,4 mortes a cada 100 mil habitantes), o Brasil ganha destaque internacional: mata 3 vezes mais que toda a União Europeia, que tem taxa de 6,9 mortes por 100 mil habitantes
Na União Europeia são 12,9 mortes por 100 mil veículos. No Brasil são 66 mortes por 100 mil veículos (conforme o Denatran: 64.817.974 de veículos em 2010, para 42.844 mortes). A taxa brasileira de mortes por 100 mil veículos é simplesmente 4,9 vezes maior que a europeia.
O trânsito assassino brasileiro mata 24% mais pessoas em número absoluto que a União Europeia, mesmo possuindo uma frota 4 vezes menor. O caro leitor estará perguntando: quais foram as razões do sucesso europeu?
Há 20 anos a União Europeia estabeleceu uma Política Púbica voltada exclusivamente para a Segurança Viária, com o intuito de reduzir drasticamente seu número de mortes da década de 90 (75.400) em 50% e conseguiu (em 2010 o número de mortes de toda a União Europeia chegou a 32.787). Entre 2000 e 2009, a taxa média de redução no número de mortes no trânsito foi de 5% ao ano. Levou-se a sério o EEFPP: Educação, Engenharia, Fiscalização, Primeiros socorros e Punição.
E no Brasil? Na última década (2001/2010), o país atingiu uma taxa média de crescimento anual de 4,06% no número de mortes no trânsito. Isso porque por aqui, só se vê medidas emergenciais, pontuais, reforma da legislação, sem qualquer caráter preventivo de dimensão nacional e duradoura.
Como bem disse Pere Navarro (diretor-geral de trânsito na Espanha): “Não é possível que haja no Brasil muitos problemas mais graves do que 100 [117] mortos em acidentes a cada dia. Não basta educar, é preciso vigiar e punir. As campanhas devem ser duras. Acidente de trânsito não é maldição divina e deve ser combatido como doença grave” (Época, 08.08.11, p. 154).
*Colaborou: Mariana Cury Bunduky – Advogada, pós graduanda em Direito Penal e Processual Penal e Pesquisadora do Instituto Avante Brasil.
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