Se você já usou um computador com vários itens abertos ao mesmo tempo, já percebeu que, dependendo da quantidade e do tipo de programa em uso (internet, jogos e vídeos), ocorre uma queda considerável no desempenho da máquina. Neste caso, a capacidade do computador processar informações ultrapassou o seu limite ótimo de funcionamento, especialmente quando ele não é tão potente. Por esta razão, ele fica lento e demora a abrir ou executar um novo programa, irritando o usuário. O computador pode servir de analogia para compreendermos um pouco a tarefa do motorista...
No trânsito, nossos comportamentos são realizados de maneira dinâmica e num ambiente que muda constantemente. A atividade de conduzir demanda certa carga de trabalho mental, afinal, são muitas informações que devemos prestar atenção para adaptarmos nosso comportamento. Algumas informações são oriundas, por exemplo, da rua, dos outros veículos, dos pedestres; outras vêm do próprio veículo, como as informações do rádio, do passageiro, do computador de bordo, do sistema de guia de rotas (GPS – Global Positioning System), cujo uso tem sido cada vez mais comum. Mas não é só por conta dos estímulos internos e externos relacionados à atividade de dirigir que têm aumentado relativamente a carga mental do motorista. Existem outras tarefas, não exatamente relacionadas ao trânsito, impostas por nós mesmos durante a condução...
Uma vez, peguei carona com uma motorista que me deixou nervoso – mas não pelo fato de ser uma mulher, é bom deixar claro! Qualquer pessoa sentiria o mesmo no meu lugar. Saímos para um compromisso já atrasados. Na rua, com o carro em movimento, a motorista começou a conversar comigo, gesticulando muito – uma característica sua. Ela falava sobre o nosso atraso e sobre a quantidade de coisas que ela devia fazer naquele dia. Mais a frente, ela se deu conta que estava sem o cinto de segurança e, com o carro em movimento, soltou o volante para puxá-lo com as duas mãos. O cinto, por sua vez, travou no meio do caminho. Ela tentou, tentou e, enfim, conseguiu destravar e afivelá-lo... Enquanto isso, o carro seguia pela rua passando por dois cruzamentos – em que ficamos confusos de quem é a preferencia de passagem, se nossa ou do motorista que vem na transversal –, e a conversa também continuava... Logo em seguida, de repente, a motorista olhou para trás e pegou a bolsa do banco de traseiro, botando-a rapidamente no seu colo. Entre uma olhada e outra na rua, abriu a bolsa com uma das mãos, pegou seu iFone e colocou-o subitamente no colo. A motorista começou a ver se tinha mensagem, alternando sua visão entre o trânsito e o aparelho, com uma das mãos ao volante, apertando aquelas teclas pequenininhas com aparente agilidade. Muito tenso, eu preparava-me para o pior, claro; afinal, se viesse algum carro inesperadamente no cruzamento, ela nem perceberia e nem teria tempo para livrar-nos do perigo. Finalmente, saí do torpor e resolvi comentar a situação. Foi aí que a motorista se deu conta e voltou, graças a Deus, a concentrar-se no trânsito. Felizmente, estou aqui são e salvo! (risos). No trânsito, nossos comportamentos são realizados de maneira dinâmica e num ambiente que muda constantemente. A atividade de conduzir demanda certa carga de trabalho mental, afinal, são muitas informações que devemos prestar atenção para adaptarmos nosso comportamento. Algumas informações são oriundas, por exemplo, da rua, dos outros veículos, dos pedestres; outras vêm do próprio veículo, como as informações do rádio, do passageiro, do computador de bordo, do sistema de guia de rotas (GPS – Global Positioning System), cujo uso tem sido cada vez mais comum. Mas não é só por conta dos estímulos internos e externos relacionados à atividade de dirigir que têm aumentado relativamente a carga mental do motorista. Existem outras tarefas, não exatamente relacionadas ao trânsito, impostas por nós mesmos durante a condução...
O relato acima demonstra que a tarefa de dirigir pode tornar-se mais exigente quando incluímos outras atividades que não são prioridade quando estamos dirigindo: pegar e manusear objetos, afivelar o cinto de segurança, mandar e ler torpedos etc., coisas que, geralmente, podemos (devemos) fazer antes ou depois de dirigir. Como nem sempre sofremos as consequências aversivas do nosso comportamento arriscado, continuamos mantendo-o ao longo do tempo. Assim, infelizmente, esta maneira de se comportar tornou-se um padrão que nem nos damos mais conta, até que alguém chame a atenção.
No caso do computador, a solução para o aumento na quantidade de tarefas pode ser trocar o processador por um mais potente. No caso do motorista, como uma solução semelhante não é possível, o mais coerente é sermos compreensíveis com as limitações naturais do nosso organismo e da nossa capacidade psicológica. Busquemos, então, diminuir a quantidade de estímulos que nos impomos voluntariamente e que interferem negativamente na nossa tarefa de dirigir. Se você é um carona, colabore para não aumentar desnecessariamente a carga de trabalho mental do motorista, pois, diferente de mim, você poderá não estar aqui para contar a história.
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