No ano passado, foram 355 mortes. Neste ano, 406. Um aumento de quase 15%. Para a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, é uma epidemia
Na maior cidade do país, a preocupação é com a violência no trânsito. Três pessoas morreram por dia em acidentes nas ruas de São Paulo, nos três primeiros meses deste ano.
Em quatro meses, foram 406 mortes nas ruas de São Paulo. E muitas dessas ruas em regiões consideradas tranquilas.
Ruas que no horário de pico perdem a tranquilidade. É que os motoristas estão desviando por elas para fugir do trânsito. E esquecem de tirar o pé do acelerador.
Na pressa, a guerra do trânsito vai fazendo mais vítimas.
Na cidade de São Paulo, as mortes no trânsito aumentaram nos primeiros quatro meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2013.
No ano passado, foram 355 mortes. Neste ano, 406. Um aumento de quase 15%. Na segunda-feira (18), a faxineira Daiane Ornellas de Souza, de 27 anos, morreu quando ia de moto para o trabalho. Foi atropelada por um caminhão, na Marginal Pinheiros. A moto tinha sido um presente do marido. “O que eu vou falar para o filho dela, de 8 anos?”, diz.
No domingo, o analista de sistemas Álvaro Teno, de 67 anos, morreu atropelado quando treinava corrida na Cidade Universitária. Quatro pessoas ficaram feridas. O motorista Antônio Conceição Machado estava bêbado. A Justiça decretou que ele fique preso até o julgamento por homicídio doloso.
Para a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, é uma epidemia, que precisa de uma mudança de atitude. “Ninguém erra no trânsito, não. Ele está certo, ele está certo em usar o celular, ele está certo em tomar cerveja e dirigir, ele está certo em dirigir com sono. É isso que é a coisa. Então, ampliar a percepção de risco”, afirma Roberto Douglas, presidente da Abramet.
Os engenheiros de tráfego têm ainda uma outra explicação para o aumento das mortes. Os motoristas estão tentando escapar dos congestionamentos com a ajuda do GPS e também dos aplicativos para celular. Normalmente, eles saem das avenidas principais e seguem por ruas onde antes quase não havia movimento. Nelas, acabam andando acima da velocidade permitida. E o resultado disso: mais acidentes.
“O mais importante é conscientizar o motorista de que, nestas vias, a velocidade é reduzida. Com esse autocontrole, a gente consegue minimizar esse efeito. Mas, é difícil, porque a pessoa que está buscando caminho alternativo tem a tendência de dirigir pelas ruas locais como se estivesse na avenida”, explica Sérgio Ejzemberg, consultor de trânsito.
A Companhia Municipal de Trânsito diz que produz um relatório anual e que o levantamento de quatro meses é inicial, parcial e prematuro. Para a CET, é preciso analisar pelo menos seis meses de dados. A companhia acrescenta que as mortes diminuíram em 2013 e em 2012. E que o ano passado registrou o menor número de mortes, desde que começou a contagem, nos anos 70.
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