Na contramão da taxa de mortalidade por acidentes de transporte, que deve ter redução de 12,4% até 2033, os óbitos entre motociclistas tendem a aumentar consideravelmente. O índice pode passar das 5,79 mortes por 100 mil habitantes, registradas em 2011, para 14,28 em quase duas décadas.
Detectada em estudo elaborado para o projeto Saúde Amanhã, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a perspectiva representa uma continuação das estatísticas alarmantes que já vêm sendo verificadas no Brasil. Dos 44.812 mortos no trânsito em 2012, um terço eram motociclistas.
O número de vítimas sobre duas rodas quintuplicou, passando de 2.492 para 12.544 entre 2000 e 2012. A estimativa é de que a matança nas estradas, envolvendo todos os tipos de veículos, custe ao país aproximadamente R$ 40 bilhões ao ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Mapa da Violência 2013 apontou que dos R$ 210,7 milhões gastos em 2011 com a internação de pessoas envolvidas em desastres nas vias, quase metade (R$ 102 milhões) foi para o atendimento de motociclistas.
De acordo com Rodrigo Kleinübing, perito criminal especialista em acidente de trânsito, o prejuízo não se resume aos números alcançados pelas estatísticas. “Quando se pensa nos incapacitados, há um universo gigantesco. É uma vida produtiva que se perde e um problema social, dependendo da estrutura da família, do acesso aos tratamentos, à fisioterapia”, afirma.
Para Kleinübing, a origem do problema está na legislação. “Quando o governo vetou o artigo 56 do Código de Trânsito, que previa para as motos as mesmas obrigações que têm os carros, como andar um atrás do outro, começou o problema. O lobby do setor venceu. Ficou mais rápido se locomover sobre duas rodas. E, hoje, o que temos são jovens despreparados, usando a moto para trabalhar, e morrendo muito”, lamenta.
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