O sonho de muitos motoristas é transitar por uma via sem precisar parar em nenhum dos semáforos. A “onda verde”, formada pelos sinais de trânsito sincronizados, torna isso possível e agiliza o tráfego nas cidades. Porém, a sincronização dos sinaleiros é um desafio permanente para especialistas e depende de cálculos, avaliações, estudos e planejamento para resultar em mais fluidez.
Atualmente, os controladores que comandam os semáforos têm a opção para trabalhar de forma coordenada entre si, permitindo a “onda verde”, afirma o engenheiro de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET/SP), Luis Molist Vilanova. Para isso, os controladores devem estar vinculados, o tempo de ciclo precisa ser o mesmo nos dois cruzamentos e a via não pode operar no regime congestionado. “Garantidas essas três condições, o técnico pode programar uma defasagem entre a abertura, ou entre o fechamento, dos verdes nos dois semáforos que otimize a passagem do fluxo de veículos por ambos”, explica. Entretanto, existem fatores que prejudicam e até inviabilizam a “onda verde”, mesmo com essas três requisitos atendidos.
Existe uma dificuldade natural em obter a “onda verde” quando o trecho em questão for mão-dupla. O engenheiro esclarece que, geralmente, quanto mais se beneficia a sincronização para um sentido, mais se prejudica a do sentido oposto. “Não se trata de ter um equipamento melhor, ou contar com um técnico mais qualificado. É uma questão matemática. Para se ter uma ideia dessa dificuldade, a coordenação perfeita para os dois sentidos só é possível quando o tempo de ciclo for igual ao dobro do tempo de percurso entre os semáforos, condição quase impossível de se obter na prática”, avalia Vilanova.
Onda Verde X Segurança
Uma questão que merece cuidado é a relação entre a busca pela “onda verde” e a segurança viária. Vilanova comenta que acontecem situações em que o semáforo da frente abre no instante em que os veículos vindos do cruzamento anterior estão quase chegando. O resultado é que o motorista acelera colocando em risco os pedestres que estavam terminando sua travessia, ou os veículos da transversal, que passaram no amarelo.
Em função da segurança, também é necessário garantir a sincronização semafórica para os pedestres, quando as duas travessias em análise forem próximas. Se esta distância aumenta, já não faz sentido programar sua coordenação, porque não há formação em bloco. “Um grupo de pessoas observado ao término da primeira travessia não chega compacto no início da segunda e os destinos das pessoas divergem bastante. Além disso, as velocidades dos pedestres variam. Estes fatores geram dispersão no fluxo de pedestres a ponto de não fazer mais sentido tentar programar uma onda verde para eles”, finaliza Vilanova.
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