quinta-feira, 27 de março de 2014

DIRIGIR COM ALMA COLETIVA



 

Por: Ademir Souza das Chagas, perito e analista em acidente de transito.

Quando o assunto é trânsito somos obrigados a combinar várias emoções. A emoção da liberdade de se deslocar para onde bem quiser com a restrição dos movimentos de uma pessoa paraplégica, vítima de um acidente. Podemos, também, viver a emoção de antecipar o futuro e ter a ousadia de controlar nosso destino para chegar lá vivos. Por isso, vou tentar fugir dos medos básicos que sublinham o tema trânsito. Porque você sabe que a cada ano milhares de pessoas, como você, morrem esmagadas pelas ferragens nas estradas deste mundão à fora.   Em 2009, a Organização Mundial da Saúde registrou a perda de 1,3 milhão de vidas em 178 países, inclusive aqui no Brasil, onde enterramos aproximadamente 50 mil brasileiros. E se você refletir um pouco vai se recordar da dor de ter perdido um amigo, colega ou parente nas estradas e avenidas, recentemente. O que fez a Organização das Nações Unidas tornar a década 2011-2020 na “Década de Ação para a Segurança Viária” ao constatar que se nada for feito, cerca de 2 milhões perderão a liberdade de ir e vir e não poderão sequer sonhar com qualquer futuro porque, simplesmente, estarão mortas. Se pretendemos, portanto, avançar vivos e inteiros para nosso futuro é o momento de aprendermos a dirigir com a alma e incluir em nossas manobras a aposta radical em nossa mudança coletiva de atitudes. Campanhas não faltam. Dinheiro não falta. O governo brasileiro gasta parte dos R$ 300 milhões do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito – FUNSET e aproximadamente R$ 290 milhões provenientes do Seguro Obrigatório (DPVAT) para tentar nos convencer que é melhor estar vivo do que estar morto ou paralisado numa cadeira de rodas. Em vão. Continuamos a nos matar por excesso de velocidade, ou combinando carros com álcool ou drogas ilícitas. Matamos, todos os anos, 50 mil brasileiros, que é o mesmo número de soldados norte-americanos que perderam suas vidas na Guerra do Vietnã. Por isso, vou insistir neste espaço em chamar a atenção para que participemos, de maneira ativa e consciente, da condução da Humanidade para o seu futuro próximo. Estimulando as vontades de se chegar lá vivos, com nossos netos e netas. E adequar os veículos que nos ajudarão neste deslocamento à segurança que nos garantirá a vida em vez de acidentes fatais. Por isso, proponho que aprendemos a dirigir com a alma coletiva, como nossos antepassados conseguiram fazer, e superar enormes distâncias, doenças e pragas para que hoje pudéssemos sentar, confortavelmente, ao volante de um carro.  Com vida.

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