Por: Ademir Souza das
Chagas, perito e analista em acidente de transito.
Quando o assunto é trânsito somos obrigados a combinar
várias emoções. A emoção da liberdade de se deslocar para onde bem quiser com a
restrição dos movimentos de uma pessoa paraplégica, vítima de um acidente.
Podemos, também, viver a emoção de antecipar o futuro e ter a ousadia de
controlar nosso destino para chegar lá vivos. Por isso, vou tentar fugir dos
medos básicos que sublinham o tema trânsito. Porque você sabe que a cada ano
milhares de pessoas, como você, morrem esmagadas pelas ferragens nas estradas
deste mundão à fora. Em 2009, a
Organização Mundial da Saúde registrou a perda de 1,3 milhão de vidas em 178
países, inclusive aqui no Brasil, onde enterramos aproximadamente 50 mil
brasileiros. E se você refletir um pouco vai se recordar da dor de ter perdido
um amigo, colega ou parente nas estradas e avenidas, recentemente. O que fez a
Organização das Nações Unidas tornar a década 2011-2020 na “Década de Ação para
a Segurança Viária” ao constatar que se nada for feito, cerca de 2 milhões
perderão a liberdade de ir e vir e não poderão sequer sonhar com qualquer
futuro porque, simplesmente, estarão mortas. Se pretendemos, portanto, avançar
vivos e inteiros para nosso futuro é o momento de aprendermos a dirigir com a
alma e incluir em nossas manobras a aposta radical em nossa mudança coletiva de
atitudes. Campanhas não faltam. Dinheiro não falta. O governo brasileiro gasta
parte dos R$ 300 milhões do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito
– FUNSET e aproximadamente R$ 290 milhões provenientes do Seguro Obrigatório
(DPVAT) para tentar nos convencer que é melhor estar vivo do que estar morto ou
paralisado numa cadeira de rodas. Em vão. Continuamos a nos matar por excesso
de velocidade, ou combinando carros com álcool ou drogas ilícitas. Matamos, todos
os anos, 50 mil brasileiros, que é o mesmo número de soldados norte-americanos
que perderam suas vidas na Guerra do Vietnã. Por isso, vou insistir neste
espaço em chamar a atenção para que participemos, de maneira ativa e
consciente, da condução da Humanidade para o seu futuro próximo. Estimulando as
vontades de se chegar lá vivos, com nossos netos e netas. E adequar os veículos
que nos ajudarão neste deslocamento à segurança que nos garantirá a vida em vez
de acidentes fatais. Por isso, proponho que aprendemos a dirigir com a alma
coletiva, como nossos antepassados conseguiram fazer, e superar enormes
distâncias, doenças e pragas para que hoje pudéssemos sentar, confortavelmente,
ao volante de um carro. Com vida.
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