sábado, 22 de março de 2014

MULHERES E MOTOS..

Mulheres motociclistasDesde a invenção das motos, o mundo das duas rodas costumava ser machista, dominado pelos homens. Até pouco tempo, para as mulheres, restava apenas um lugar na garupa de seus parceiros. Mas hoje, podemos afirmar que as coisas mudaram. Pelas ruas, é possível perceber que as mulheres deixaram de ser acompanhantes e assumiram o controle das motocicletas. Motivadas pela adrenalina ou pela facilidade na hora de fugir dos congestionamentos, elas encontraram nas motos um hobby, meio de sustento ou até mesmo um estilo de vida.

A maquiadora Keila Felizatti, de 37 anos, e a enfermeira Kauane Vieira, de 28, são exemplos de garotas apaixonadas pelas motocicletas. Elas fazem parte de um grupo de mulheres que costuma se reunir para passear e viajar. “Já fizemos várias viagens juntas, acompanhadas por nossos amigos e maridos. A mais inesquecível foi quando percorremos a Rota 66, nos Estados Unidos, famosa rodovia que liga Chicago a Los Angeles”, conta Keila.

E o fascínio das amigas pelas motos não é recente. “Elas já chamavam minha atenção quando era criança. Assim que alcancei a maioridade, comprei minha primeira moto”, conta Keila. Já a curitibana Kauane aprendeu a pilotar com o pai na adolescência, em um modelo 125 cilindradas que fazia parte da frota da empresa que ele tinha. “Meu pai sempre foi meu incentivador, ele me ensinou a conduzir e a gostar das motos”, lembra Kauane.

As meninas cresceram e seus brinquedos também. Hoje Keila circula com Oliver, sua Triumph Bonneville 865, cilindradas e com Maddox, uma lambreta Bellagio Custom 150. Dar nomes masculinos para as máquinas é uma das tradições das motoqueiras. Já Kauane pode ser vista conduzindo uma Ducatti Diavel de 1250 cilindradas ou um scooter Bellagio Custom chamado Penélope (sim, Penélope; ela não seguiu a regra com os nomes). Em breve, Kauane também terá uma Harley Davidson Custom 1200 para chamar de sua.

As garotas e suas motos não passam despercebidas no trânsito. Ao encontrá-las, as pessoas costumam ter duas reações: admiração ou preconceito. Mas elas não se intimidam. Kauane diz que “é preciso mostrar no braço que somos capazes de guiar uma moto”. Já os maridos são companheiros. “Ele sente ciúmes, mas entende minha relação com a moto e me incentiva a continuar”, confidencia a enfermeira. Elas também contam que não têm medo de pilotar. “Somos cuidadosas, mas acidentes e tombos podem acontecer”, diz Keila.

Unidas pelas motos
As motos também têm a capacidade de aproximar e estreitar laços de amor, como o de mães e filhas. Este é o caso da empresária Kattie Dockhorn Paluch, de 46 anos, e de sua filha, a estudante Gabriela Dockhorn Paluch, de 20.

As duas costumam frequentar encontros de motociclistas como o The One Batom Ride, promovido pelo grupo Ladies of Harley de Curitiba e pela concessionária The One Harley-Davidson, que, no último dia 8, reuniu as motoqueiras em um passeio em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Motociclista há décadas, foi Kattie quem trouxe o gosto pelas motos para a família. “Meu marido me conheceu andando de moto. Ele já gostava, mas diferente de mim, ainda não tinha moto própria. Hoje, com mais de 31 anos de casados gostamos de pilotar e viajar juntos, mas vai sempre cada um em sua moto”, lembra Kattie.

E a paixão da mãe passou para a filha. Apesar de não pilotar, Gabriela não perde os encontros e passeios, indo na garupa do pai, da mãe ou de seu namorado que também é “harleyro”.

Motoqueiras profissionais


Adriana Gomes Araújo, 34 anos, e Adriana Regina do Carmo, 28. Não é só o nome que elas têm em comum. As duas utilizam a moto como ferramenta de trabalho. A primeira, soldado da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), trabalha com uma Harley Davidson de 1700 cilindradas, um modelo exclusivo da coorporação.

Piloto de moto há dez anos, a policial conta que seu caso de amor com os veículos de duas rodas começou cedo. “Aprendi andando de bicicleta com meu pai, a moto veio depois. Hoje, as duas são minhas melhores companheiras”. Com motos grandes, como a Harley, seu contato profissional aconteceu em sua primeira semana de trabalho. “No início, achei a moto pesada, mas dei uma volta na quadra e logo fui pegando o jeito, perdendo o medo”, conta.


Também é guiando uma moto que a outra Adriana garante o próprio sustento. A motofretista mantém a casa e família com o trabalho realizado em cima da moto. Com mais de dez anos de profissão, a motogirl confessa que gosta do que faz, mas nem por isso acha fácil a rotina na profissão. No início, ela trabalhou como autônoma, em jornadas diárias que começavam às oito da manhã e iam até a madrugada, com os pedidos de uma pizzaria. Há sete anos, seu dia a dia inclui entregas para uma floricultura.

Nestes anos, a motofretista também enfrentou dificuldades. Adriana tem em seu histórico dois acidentes sofridos, o mais grave em janeiro de 2010, que causou traumatismo craniano, internação em estado de coma, além de afastamento do trabalho por um período de um ano e sete meses. Mas, mesmo correndo riscos, ele nem pensa em trocar o trânsito por um escritório. “Trabalhar com a moto traz liberdade”, completa. As mulheres nesta função ainda são exceção. Segundo o Sindicato dos Motofretistas de Curitiba e Região Metropolitana (Sintramotos), existem apenas 16 motogirls na área de atuação da entidade.

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