Os casos registrados nas últimas duas semanas, de três crianças que
morreram afogadas em piscinas e do bebê que morreu ao engasgar após
beber leite em uma creche, fazem lembrar os cuidados que devem ser
tomados para evitar este tipo de acidente.
No Brasil, 37% das mortes de crianças é motivada por causas externas,
o jargão médico para acidentes como afogamento, intoxicação e quedas,
entre outros, segundo números do SUS (Sistema Único de Saúde). Os dados
fazem desse grupo a principal causa de morte entre jovens de 1 a 14
anos.
Em 2010, ano das estatísticas mais atuais segundo a secretaria
municipal da Saúde de São Paulo, que divulgou os números, ocorreram
16.888 mortes nesta faixa etária no Brasil, das quais 6.274 (37,1%)
decorrentes de causas externas. Para a cirurgiã pediatra Denise Estefan
Ventura, médica do GRAU (Grupo de Resgate e Atendimento às Urgências) de
São Paulo, na maioria dos casos os acidentes podem ser evitados com
cuidado e prevenção. "As crianças são mais suscetíveis aos acidentes
domésticos, mas a maioria dessas mortes poderia ser evitada. Isso que é
lamentável", afirma Denise.
Em 26 de novembro, Bernardo Giacomini Gonçalves, 3, morreu enquanto
participava de uma aula de natação na escola onde estudava, em Moema,
zona Sul de São Paulo. Na última segunda-feira (10), os gêmeos Lucas
Henrique Carvalho Leme e Pedro Henrique Carvalho Leme foram encontrados
afogados na piscina do apartamento onde moravam com os pais, em Taboão
da Serra (Grande São Paulo).
Já nesta terça-feira (11), o bebê de cinco meses Rafael Azevedo
Gonzaga de Matos Guilharmati morreu supostamente após se engasgar ao
tomar leite numa creche no bairro Campos Elíseos, centro de São Paulo.
Números do SUS divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de São
Paulo mostram as principais causas de morte na infância. Em primeiro
lugar aparecem os acidentes de trânsito (29%), seguidos pelos
afogamentos (18%). Em seguida vêm asfixia/sufocação (3%), queda (3%),
exposição à fumaça/fogo (2%), choque elétrico (2%), envenenamento por
animais e plantas (0,6%), envenenamento por substâncias nocivas (0,4%) e
queimaduras (0,2%).
A secretaria deixa disponível em seu site na internet um guia com os
principais cuidados que devem ser tomados para evitar acidentes
domésticos com crianças e adolescentes. Abaixo, você conhece as
principais dicas, com base nas recomendações da secretaria e da médica
Denise Ventura. Em caso de emergência, o número a chamar é o 193, para
os Bombeiros, ou o 192, para o Samu.
Acidentes de trânsito
- Crianças menores de 10 anos não devem atravessar a rua sem a companhia de um adulto.
- No carro, sempre usar o cinto de segurança ou a cadeirinha infantil, mesmo em trajetos pequenos.
- Apenas crianças maiores de dez anos podem ir no banco do carona dos carros.
Afogamentos
- Não deixar crianças desacompanhadas brincarem na água, seja em piscinas, rios, represas ou no mar.
- Cercar, e deixar trancado, o acesso a piscinas e tanques de água em residências.
- Na água, crianças devem brincar nos locais mais rasos, com o nível da água menor que sua altura.
- Em caso de afogamento, dê sempre preferência a chamar um salva
vidas ou bombeiro. Pessoas não treinadas podem terminar também se
afogando ao tentar salvar terceiros.
- Após retirar o afogado da água, caso ele esteja consciente, deite-o
de lado, com a boca aberta para facilitar a expulsão da água. Caso a
pessoa esteja inconsciente, e não haja um profissional de saúde ou
resgate próximo, inicie o procedimento de massagem cardíaca.
Asfixia/sufocação
- Após alimentar bebês de até um ano de idade é importante deixá-los sentados em posição ereta, ou de pé, para evitar engasgos.
- Objetos pequenos, como caroços de feijão e brinquedos com pequenas peças, devem ser deixados fora do alcance das crianças.
- Em caso de sufocamento, caso o objeto esteja visível na garganta, é
possível tentar tirá-lo com os dedos. Outra manobra possível é abraçar a
pessoa por trás e, de uma só vez e com certa força, comprimir a barriga
da pessoa, numa tentativa de expelir o objeto. Nesses casos, sempre se
deve chamar antes o socorro antes de tentar as manobras.
Envenenamento/intoxicação
- Não deixar produtos de limpeza ao acesso de crianças. Sempre coloca-los em locais altos e, se possível, com tranca.
- Remédios também devem ser guardados em locais trancados.
- Não usar garrafas de refrigerante para armazenar materiais de
limpeza. As garrafas, geralmente coloridas, atraem a atenção das
crianças e podem confundi-las quanto ao conteúdo.
- Em caso de ingestão, não beber água ou outro líquido e nem provocar vômito. Estas medidas podem agravar o quadro.
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