quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Violência no trânsito: questão de saúde pública masculina

Saúde pública masculina

No Paraná, dados preliminares apontam que, em 2012, 90,6% das mortes por agressões e 81,1% das mortes por acidentes de trânsito ocorreram com homens


Desde o ano passado, o mês de agosto é voltado para a promoção da saúde masculina no Paraná. A campanha intitulada “Agosto Azul” tem como principal objetivo lembrar os homens da importância dos cuidados preventivos. Em 2013, entretanto, o foco foi retirado das doenças usuais e voltado para a violência – principal causa de morte entre o público masculino.


Segundo o Ministério da Saúde, agressões interpessoais e acidentes de trânsito são as principais causas de morte entre a população masculina brasileira. Mais de 90% dos casos registrados no país têm homens como vítima fatal. E mais de 60% desses óbitos acontecem entre jovens acima de 20 anos e abaixo de 39. A violência mata mais que doenças cardíacas, hipertensão e tabagismo.


No Paraná, dados preliminares apontam que, em 2012, 90,6% das mortes por agressões e 81,1% das mortes por acidentes de trânsito ocorreram com homens. As três principais causas externas de mortalidade masculina são: agressões por arma de fogo, acidentes de carro e agressões por objetos cortantes. A primeira e a última juntas motivaram 2.983 óbitos.


As colisões entre veículos tiraram a vida de 2.577 homens paranaenses ao longo de 2012. Por isso, a proposta da campanha “Agosto Azul” deste ano é trabalhar a violência no trânsito como questão de saúde pública. A frase “não pare o curso da vida” estampa cartazes, adesivos e outros materiais publicitários. Para o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, a solução é promover o diálogo.


“Estamos perdendo gerações inteiras para a violência. Isto tem que mudar e por isso estamos integrando a Saúde, a Educação, a Segurança e outros atores da sociedade em torno desta importante causa”. Até 31 de agosto, serão realizadas ações educativas. A 5ª RS (Regional de Saúde) de Guarapuava ainda não divulgou a programação oficial.


Trânsito


Os números levantados pelo Ministério da Saúde e pela Sesa levam a um diagnóstico alarmante, avaliou a psicóloga especialista em trânsito em Guarapuava, Ana Célia de Araújo. “O acidente de trânsito está sendo uma das principais causas de morte da população, mas principalmente da população jovem. É a idade mais produtiva do ser humano e o Brasil perde muito com isso”.


Mais da metade das vítimas tem entre 20 e 39 anos. Isso acontece, segundo a psicóloga, porque essa faixa etária sofre influência de inúmeros fatores como o consumo legal de álcool, a imprudência e o estresse. “É a idade em que se tem de enfrentar os problemas da entrada para a idade adulta e os homens têm a característica de enfrentamento, de se mostrar frente aos pares da mesma idade”.


E tudo isso acontece com respaldo legal, pois aos 18 anos, o brasileiro ganha o direito de comprar e consumir bebidas alcoólicas e de obter a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). “Ele se vê com a oportunidade de ter uma máquina extremamente possante, pois dirigir o veículo se torna uma forma de poder, mas tem de obedecer um limite de velocidade. Isso se torna contraditório”, disse Ana Célia.


Na avaliação da psicóloga, os homens precisam lidar ainda com agravantes culturais. “São eles que ficam mais expostos porque têm que ter poder, têm que enfrentar desafios, têm que se arriscar. Tudo ao mesmo tempo. E o homem tende a não aturar desaforos ou o erro do outro”. Por isso, além das mortes por colisões, muitos óbitos são registrados por brigas de trânsito.


Agosto Azul


A campanha estadual foi oficializada pela lei n°17.099 de 28 de março de 2012. A sanção do texto obriga a Sesa a realizar anualmente ações de prevenção em saúde voltada para os homens paranaenses. O objetivo principal é promover uma mudança cultural e incentivar a população masculina a visitar o médico de forma regular. A realização de exames simples, como testes para diabetes, hipertensão, Aids e hepatite periodicamente podem identificar enfermidades ainda em estágios iniciais.

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