Não é fácil escrever semanalmente sobre trânsito, por mais de 40 anos, tendo o cuidado de não ser repetitivo e não cometer o erro de apenas criticar. Afinal, mesmo quando no exercício do cargo de diretor de Trânsito, procurei sempre educar.
Em comentário sobre o meu último artigo, quando enfocava o que ocorre no outrora respeitado DNER e agora no desmoralizado Dnit, recebi de um amigo e, hoje, infelizmente, engenheiro aposentado, da outrora brilhante equipe daquele órgão, um carinhoso e-mail de incentivo, na minha luta “quixotesca”, em prol da melhoria do trânsito no Brasil, que transcrevo na íntegra:
“Toda razão lhe cabe por suas afirmativas. É vital evoluir em todos os campos da atividade, especialmente no que se refere à circulação de veículos e pessoas.
Verdadeiramente pobres são os pobres de espírito e que teimam em não evoluir. Daí a insensatez das ocorrências administrativas errôneas e desonestas muitas vezes, e que se antepõem ao melhoramento no exercício de todas as atividades de planificação e execução, com reflexos no que decorre desta incompetência, quem sabe, de má fé.
Siga em frente”.
Apesar de aposentado, guarda ainda a competência e a elegância de expressar suas opiniões, que o consagraram no importante cargo que exerceu nas décadas de 60, 70 e a de 80.
Eu poderia terminar o meu artigo aqui, tal o valor deste testemunho, mas, infelizmente, fruto da incompetência frisada pelo meu amigo e colega, outro acidente nos chocou, ocorrido esta semana que passou, na via principal de acesso ao Rio. Trata-se da queda de uma importante proteção ao pedestre, uma passarela, derrubada por um caminhão com altura maior do que o seu vão livre, fruto de não haver nenhuma medida construtiva que a protegesse.
Começamos pelo erro básico de se construir algumas passarelas com o acesso por escada. Ora, o pedestre que possui a maior dificuldade para atravessar uma pista é aquele que é idoso, os com dificuldades de locomoção e senhoras gestantes. Assim procedendo, as dignas autoridades responsáveis “tornam a emenda pior do que o soneto”.
No caso das existentes sobre a Avenida Brasil, bastaria, como proteção, antecede-las com pórticos compostos de um cabo de aço esticado entre dois postes, com bandeirolas de aço, coloridas em zebrado vermelho e branco, penduradas em toda a sua extensão, na altura do vão da passarela existente adiante. O contato das bandeirolas produz um ruído, que poderá ser até reforçado com equipamento de alarme eletrônico, alertando ao motorista, na maioria das vezes, exausto da longa viagem, do perigo a que estará exposto se não parar. Muito fácil, barato, lógico e, principalmente, humano.
O interessante é que, na semana em que ocorreu este acidente, o nosso prefeito dava uma entrevista a um importante jornal na qual, perguntado qual nota daria ao seu governo, teve a “humildade” de lhe atribuir o grau 10.
Como a Avenida Brasil é da responsabilidade do prefeito, eu acho que o grau, atribuído a si próprio, não está correto, como as passarelas sem alerta para a sua altura máxima ou com acesso por escada.
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