domingo, 25 de maio de 2014

EDUCACAO NO TRANSITO E APONTADA POR ESPECIALISTA COMO FUNDAMENTAL PARA REDUCAO DE ACIDENTE.

Os números de mortes no trânsito brasileiro superam os 40 mil anualmente. Além disso, são mais 80 mil pessoas que todos os anos ficam internadas por envolvimento em acidentes, lembra o presidente do Movimento Nacional de Educação no Trânsito (Monatran), Roberto Bentes de Sá. Os dados mostram que a cada nova estatística, o número de acidentes com motos aumenta.
Um um levantamento do Ministério da Saúde, os gastos por internações de motociclistas em Santa Catarina saltaram de R$ 2,4 milhões em 2008 para R$ 4,4 milhões em 2011. O aumento no número de casos no período subiu de 1,5 mil para 8,6 mil.

— São sequelas irreversíveis. A gente só fala nos que morrem, mas a maioria dos nossos leitos são ocupados em função de acidentes de trânsito. O custo do Brasil é muito grande — alertou.

Para Bentes, vivemos num trânsito tumultuado e deseducado:

— O trânsito no nosso país infelizmente é uma bomba que explode a todo instante e que tem vários componentes. Desde a formação, sentimento de impunidade, falta de fiscalização. Se os recursos das multas destinados à educação no trânsito fossem usados, tenho certeza que mudaria a cultura — argumenta.

Entrevista com Julio Jacobo, autor do Mapa da Violência no Trânsito
“A vítima vira culpada da própria morte”
Desde o final da década de 1990, Julio Jacobo é o responsável por fazer o Mapa da Violência no Brasil. Coordenador da área de estudos sobre violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o especialista lançou no ano passado a última edição do levantamento sobre as mortes e acidentes de trânsito. Em entrevista ao Diário Catarinense, Jacobo aponta o sistema nacional de trânsito como principal responsável pelos números assustadores de mortes no país.
Diário Catarinense – Vender a motocicleta é a solução?
Julio Jacobo –
 Acho que não tem muito a ver com vender. Nesses casos, mais coisas deveriam ser vendidas, não só a moto. Com a explosão de motocicletas, em meados da década de 1990, com isenções fiscais, grandes alardes de financiamentos, pensou-se que se solucionavam dois grandes problemas. O primeiro era o de mobilidade urbana da classe trabalhadora. Além disso, algumas cidades não comportavam grandes investimentos e a moto surgiu como opção. Era de fácil acesso e manutenção barata. Na medida em que cada cidadão tem seu próprio meio de transporte, porém, cria-se um problema de mobilidade. Além disso, temos outro problema que é pouca qualificação para uso do veículo.
Diário Catarinense – Dentro deste cenário, qual é a perspectiva para o futuro?
Jacobo –
 A tendência é alarmante. Antigamente, o principal envolvido nas mortes no trânsito era o pedestre. Na virada desse ciclo, caiu o número de pedestres, houve campanhas educativas, e se reduziu os de acidentes envolvendo carros. A tendência é que a morte dos motociclistas signifiquem 50% no país. Vamos ser os campeões internacionais.
Diário Catarinense – E quem deve agir para evitar isso?
Jacobo –
 No Estatuto de Trânsito diz que o responsável pela segurança é o sistema nacional de trânsito. É o Detran, o Denatran. Eles têm que se preocupar com isso. O que se faz é colocar a culpa na vítima. A vítima vira culpada da própria morte. Quando acontece um acidente se diz que foi uma fatalidade. Mas quanto demorou para chegar o socorro? Quantos hospitais precisaram ser percorridos? É uma série de incidentes que marcam a morte anunciada.
Diário Catarinense – E a responsabilidade do condutor?
Jacobo –
 Nenhuma. Habilitaram ele legalmente. Até pouco tempo, ter carteira de motociclista era muito fácil. Se ele soubesse arrancar e andar em um passeio interno, estava habilitado. Depois aumentaram as exigências. Temos ainda uma legislação pífia. Não se fiscaliza motociclista. Em países da Europa, nos últimos 15 anos caíram 45% o número de mortes. Eles assumiram as responsabilidade e ninguém poderia morrer. Foram campanhas educativas, fiscalização, várias coisas que se faz para evitar a morte no trânsito.

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