Um um levantamento do Ministério da Saúde, os gastos por internações de motociclistas em Santa Catarina saltaram de R$ 2,4 milhões em 2008 para R$ 4,4 milhões em 2011. O aumento no número de casos no período subiu de 1,5 mil para 8,6 mil.
— São sequelas irreversíveis. A gente só fala nos que morrem, mas a maioria dos nossos leitos são ocupados em função de acidentes de trânsito. O custo do Brasil é muito grande — alertou.
Para Bentes, vivemos num trânsito tumultuado e deseducado:
— O trânsito no nosso país infelizmente é uma bomba que explode a todo instante e que tem vários componentes. Desde a formação, sentimento de impunidade, falta de fiscalização. Se os recursos das multas destinados à educação no trânsito fossem usados, tenho certeza que mudaria a cultura — argumenta.
Entrevista com Julio Jacobo, autor do Mapa da Violência no Trânsito
“A vítima vira culpada da própria morte”— São sequelas irreversíveis. A gente só fala nos que morrem, mas a maioria dos nossos leitos são ocupados em função de acidentes de trânsito. O custo do Brasil é muito grande — alertou.
Para Bentes, vivemos num trânsito tumultuado e deseducado:
— O trânsito no nosso país infelizmente é uma bomba que explode a todo instante e que tem vários componentes. Desde a formação, sentimento de impunidade, falta de fiscalização. Se os recursos das multas destinados à educação no trânsito fossem usados, tenho certeza que mudaria a cultura — argumenta.
Entrevista com Julio Jacobo, autor do Mapa da Violência no Trânsito
Desde o final da década de 1990, Julio Jacobo é o responsável por fazer o Mapa da Violência no Brasil. Coordenador da área de estudos sobre violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), o especialista lançou no ano passado a última edição do levantamento sobre as mortes e acidentes de trânsito. Em entrevista ao Diário Catarinense, Jacobo aponta o sistema nacional de trânsito como principal responsável pelos números assustadores de mortes no país.
Diário Catarinense – Vender a motocicleta é a solução?
Julio Jacobo – Acho que não tem muito a ver com vender. Nesses casos, mais coisas deveriam ser vendidas, não só a moto. Com a explosão de motocicletas, em meados da década de 1990, com isenções fiscais, grandes alardes de financiamentos, pensou-se que se solucionavam dois grandes problemas. O primeiro era o de mobilidade urbana da classe trabalhadora. Além disso, algumas cidades não comportavam grandes investimentos e a moto surgiu como opção. Era de fácil acesso e manutenção barata. Na medida em que cada cidadão tem seu próprio meio de transporte, porém, cria-se um problema de mobilidade. Além disso, temos outro problema que é pouca qualificação para uso do veículo.
Diário Catarinense – Dentro deste cenário, qual é a perspectiva para o futuro?
Jacobo – A tendência é alarmante. Antigamente, o principal envolvido nas mortes no trânsito era o pedestre. Na virada desse ciclo, caiu o número de pedestres, houve campanhas educativas, e se reduziu os de acidentes envolvendo carros. A tendência é que a morte dos motociclistas signifiquem 50% no país. Vamos ser os campeões internacionais.
Diário Catarinense – E quem deve agir para evitar isso?
Jacobo – No Estatuto de Trânsito diz que o responsável pela segurança é o sistema nacional de trânsito. É o Detran, o Denatran. Eles têm que se preocupar com isso. O que se faz é colocar a culpa na vítima. A vítima vira culpada da própria morte. Quando acontece um acidente se diz que foi uma fatalidade. Mas quanto demorou para chegar o socorro? Quantos hospitais precisaram ser percorridos? É uma série de incidentes que marcam a morte anunciada.
Diário Catarinense – E a responsabilidade do condutor?
Jacobo – Nenhuma. Habilitaram ele legalmente. Até pouco tempo, ter carteira de motociclista era muito fácil. Se ele soubesse arrancar e andar em um passeio interno, estava habilitado. Depois aumentaram as exigências. Temos ainda uma legislação pífia. Não se fiscaliza motociclista. Em países da Europa, nos últimos 15 anos caíram 45% o número de mortes. Eles assumiram as responsabilidade e ninguém poderia morrer. Foram campanhas educativas, fiscalização, várias coisas que se faz para evitar a morte no trânsito.
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