quarta-feira, 22 de novembro de 2017

MENSAGEM QUE CIRCULA NO WHATSAPP SOBRE CÂMERAS EM LOMBADAS ELETRÔNICAS E FALSA

Uma mensagem via WhatsApp sobre câmeras em lombadas eletrônicas de Curitiba está se espalhando rapidamente. De acordo com o texto, a Prefeitura de Curitiba teria “reformado” todas as lombadas eletrônicas da cidade e acrescentado uma câmera digital com infravermelho para fotografar todos os veículos que passarem, independente da velocidade, com a finalidade de “arrecadar”. O texto diz ainda que passageiros sem cinto e motoristas com celular seriam os “alvos” do novo formato de fiscalização.
Segundo a Superintendência de Trânsito de Curitiba (Setran) as lombadas eletrônicas da cidade não são usadas para multar motoristas sem cinto de segurança ou falando ao celular, os equipamentos apenas detectam e identificam veículos que trafegam acima da velocidade máxima permitida, de 40 km/h, o que, posteriormente, vira multa de trânsito. Conforme o órgão, multas por dirigir sem usar o cinto de segurança ou usando o aparelho celular são aplicadas por agentes ou policiais de trânsito.
Para a pedagoga e especialista em trânsito Eliane Pietsak, antes de pensar na infração, é preciso pensar na segurança.
“Tanto a falta do cinto como o uso do celular ao volante são atitudes que podem trazer sérias consequências ao condutor e aos passageiros do veículo. As pessoas deveriam respeitar essas regras pelo simples fato de que a segurança está acima de qualquer coisa, mas infelizmente não é assim que a maioria pensa. Sempre falo em meus treinamentos que está em nossas mãos “falir” a indústria da multa, basta não cometer infrações”, explica.
Existem duas resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que regulamentam multas por videomonitoramento no Brasil, mas atualmente não há previsão desta modalidade ser implantada em Curitiba.

COMO O MÍXICO REDUZIU MORTES E ACIDENTES CAUSADOS POR EMBRIAGUEZ NO VOLANTE..!

Pense em um país com uma população de 127,5 milhões em que as pessoas têm por costume começar a beber desde muito cedo, e muito! Pense que neste país mais de 60% dos acidentes sejam provocados por condutores embriagados e que algo precisava ser feito para ontem. Unindo forças com a sociedade as autoridades mexicanas encontraram a resposta para a seguinte pergunta: como evitar que os condutores embriagados matem, machuquem as pessoas e deixem de provocar acidentes? Simples: tirando os motoristas embriagados das ruas. E é isso que eles vêm fazendo desde 2003 e no espaço de 14 anos diminuíram pela metade as mortes, feridos e se anteciparam à ocorrência de acidentes em todo o país.
O case de sucesso foi apresentado pelo médico e policial mexicano Othon Sanchéz, que atua no Programa Dirigir Sem Álcool, durante o workshop Aprimorando a Segurança Viária na América Latina (1 e 2 de agosto), em Curitiba. Uma promoção do Unitar e Centro Internacional de Formação de Atores para a América Latina – Cifal  (braços da ONU no Brasil).
Em terras mexicanas a tolerância ao consumo de bebidas alcoólicas é de 0,40 para condutores habilitados em veículos particulares, o que seria a categoria A e B no Brasil, e tolerância zero para quem exerce a direção como atividade remunerada ou dirige veículos de transporte coletivo. Fez o teste do alcoolímetro e deu mais que 0,40 o cidadão não é autuado, não sofre sanções administrativas ou penais, não paga nenhuma multa, mas é levado à presença de um juiz que oficializa a sua detenção e recolhimento a uma cela popularmente conhecida como “Torito” pelo período de 20 a 36 horas. Passado o porre o condutor é liberado. Nem os turistas escapam. O objetivo é retirar o motorista embriagado de circulação e proteger a sua própria vida, a de seus passageiros e a dos demais usuários das vias mexicanas.
Confesso que a apresentação do programa “Conduce sin Alcohol” foi uma das exposições mais esperadas por mim que, afinal, vivo em uma cidade conhecida como a capital nacional da cerveja.  Só que uma coisa temos de admitir: os mexicanos estão muito melhor preparados e equipados do que nós em tudo! Seja no amparo legal, na quantidade de efetivo para as fiscalizações, nos tipos de prisões que abrigam os condutores flagrados dirigindo bêbados e na mentalidade da população: eles colocam a vida em primeiro lugar e não avisam os locais de fiscalização em rede social.
No Brasil o condutor flagrado dirigindo alcoolizado, recusando-se ou não ao teste de etilômetro paga multa salgada de quase R$ 3 mil e tem aberto contra ele um processo administrativo para a suspensão do direito de dirigir. No México é diferente: o Programa Dirigir sem Álcool existe desde 2003, tem proteção jurídica e é aclamado pela população que quer ver os motoristas embriagados afastados das ruas: 98% das pessoas em todo o México já ouviram falar do Programa Conduzir Sem Álcool e 83% o aprovam. Todos os dias cerca de 500 policiais são distribuídos em grupos que atuam em 25 pontos fiscalizando com o etilômetro. Não existe folga ao longo de todo o ano.
A primeira abordagem é feita por mulheres policiais, uma estratégia para que o contato pareça menos intimidador ao motorista. Caso negue-se a fazer o teste do bafômetro mexicano é conduzido a um juiz em seu gabinete que o ouvirá e aplicará a sentença adequada. Se é constatada a alcoolemia o condutor é conduzido a um juiz itinerante que acompanha as operações de fiscalização. Se o passageiro está sóbrio e em condições de dirigir, ele leva o carro; caso contrário, o automóvel é guinchado. Nem os turistas escapam das leis mexicanas anti-embriaguez ao volante.
Independente do estado de embriaguez do condutor ele não paga multa e não responde civil ou penalmente: o juiz itinerante é quem determina quantas horas entre 20 e 36 ele ficará preso em uma cadeia só para motoristas embriagados. Não é cadeia comum e os motoristas não se misturam com detentos ou presidiários. O tratamento só é diferente se o motorista já provocou o acidente ou mortes. Aí vai para a cela comum em vez do “El Torito”.
Enquanto no Brasil basta que o agente manobre a viatura para as redes sociais bombarem avisando os locais de possíveis blitz, no México 95% da população não avisa as outras pessoas onde estão as fiscalizações do alcoolímetro. No México, as autoridades estimam que 60% dos acidentes e mortes sejam provocados por motoristas sob a influência de álcool.
Em sua exposição o dr. Othon Sanchéz fez questão de ressaltar: o Programa Conduzir Sem Álcool seria chamado de inconstitucional pelos brasileiros por impedir o direito de ir e vir do motorista, mesmo estando alcoolizado e colocando à todos os cidadãos em risco. Ao que devo concordar: o que não ia faltar era trabalho para os advogados brasileiros tirados da cama na madrugada para interpelar pelo direito de ir e vir de seu cliente embriagado ao volante. Reforçariam que o cliente não fez mal a ninguém, não provocou acidente, não feriu, não machucou e nem colidiu destruindo o patrimônio público. O clamor por ingerência e arbitrariedade seria massivo enquanto que no México o programa tem medida cautelar (evitar que o acidente seja provocado) e tutelar (cuidar do motorista bêbado até que o porre passe).
No México a ordem das coisas foi repensada e milhares de acidentes e mortes estão sendo evitados pela medida simples de tirar o motorista alcoolizado do volante antes que ele cometa uma desgraça em via pública. Não se trata de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, mas de uma plataforma cultural voltada para a segurança no trânsito.
Essa talvez seja a diferença mais marcante entre mexicanos e brasileiros: a vida é o bem maior a ser tutelado, o direito fundamental sagrado que está acima de qualquer outra lei existente. Lá, no México, a população e as autoridades entendem que só tirando o condutor embriagado do volante, afastando-o das ruas e encaminhando-o para curar o porre numa prisão específica é que se vai evitar mortes, feridos, acidentes e tragédias. É uma forma de coibir até a impunidade ao se cortar o mal pela raiz. Lá, no México, o turista visita, é bem recebido, mas se está bêbado ao volante vai para o Torito como qualquer cidadão mexicano.
Por lá, no México, tem-se carregado menos alças de caixão enquanto buscam o zero acidente, o sistema de saúde não impacta com os atendimentos a acidentados de trânsito e as pessoas que adoecem de causas naturais não perdem o atendimento, a vaga, o leito hospitalar e as cirurgias para acidentados de trânsito. Por aqui, as coisas são diferentes. Muito diferentes. Ainda mais porque qualquer outro motivo ou prioridade tem sido maior do que proteger a vida das pessoas e tirar os motoristas embriagados de cena.
Por aqui não se tem nem efetivo para fiscalizar, as operações de Lei Seca não chegaram a muitas cidades, não temos uma cultura voltada para a segurança no trânsito e os alcoolizados ao volante reincidem na mesma proporção dos copos que ingerem.
E viva El México!

GESTO COM BRAÇO POR PEDESTRE, PARA ATRAVESSAR A RUA, PODE VIRAR LEI...

A Comissão de Direitos Humanos e Legis26/2010, que determina a adoção de gesto com o braço para solicitar a parada dos veículos e permitir ao pedestre atravessar a rua na faixa. A prática adotada com sucesso em Brasília pode se estender a todo o país, modificando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
lação Participativa (CDH) tem em sua pauta o Projeto de Lei da Câmara (PLC)
Proposto pela ex-deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), o projeto tem a intenção de transformar em lei o sinal que os pedestres normalmente fazem, com o braço estendido, quando desejam atravessar faixas de pedestres nas vias de Brasília. A intenção é de que o exemplo seja estendido para todas as cidades brasileiras.
O PLC já foi analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde passou por modificações indicadas pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Entre outras mudanças, Valadares retirou o comando que exigia que o pedestre esperasse por outras pessoas para atravessar vias de grande fluxo. O senador considerou que, nessas vias, podem ser adotadas medidas como semáforo, passarela ou mesmo a alocação de agente de trânsito nos períodos mais críticos.
Na CDH, o projeto tem como relator o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Para ele, o gesto do pedestre é um caso de “ganha-ganha”, isto é, os motoristas têm uma percepção mais clara da intenção dos pedestres em atravessar as pistas, e estes, por conta dessa maior visibilidade, têm mais segurança nas travessias.
“A proposição é de simples aplicação e não incorre, necessariamente, em desembolso direto de recursos públicos, item de fundamental relevância ante à aguda crise fiscal que o País atravessa”, argumentou.

domingo, 12 de novembro de 2017

Ainda Bem Que Nao Precisamos só da Leis...

Foto: Arquivo Tecnodata.Fim de outubro de 2017 e o Conselho Nacional de Trânsito ultrapassou a marca de mais de 700 resoluções após a promulgação do então novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). Claro, muitas delas já foram revogadas pelas que as precederam, mas ainda assim, são algumas centenas de normas em vigor complementando o já grande e bastante modificado CTB.Fim de outubro de 2017 e o Conselho Nacional de Trânsito ultrapassou a marca de mais de 700 resoluções após a promulgação do então novo Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97). Claro, muitas delas já foram revogadas pelas que as precederam, mas ainda assim, são algumas centenas de normas em vigor complementando o já grande e bastante modificado CTB.
Mas o que me parece mais interessante é que esse exagero de normativas, se podemos chamar assim, ainda não alcança a finalidade principal prevista no próprio CTB que é a defesa da vida. Isso porque, sem surpresas, todos os anos são divulgados as dezenas de milhares de vidas perdidas e mais algumas centenas que ficam lesionadas, muitas para o resto da vida. Será que necessitamos de tantas leis para viver bem e com segurança?
Longe de defender um sistema anarquista, sem intervenção do Estado, minha preocupação é com a ilusória sensação de que o Brasil está sendo efetivo na redução de acidentes. Não é o que parece. Claro, reconheço que algumas iniciativas certamente têm contribuído para uma pequena queda na acidentalidade de alguns estados do país, mas ainda assim, como bandeira a tremular da vitória pela segurança no trânsito ainda falta um longo caminho.
O antropólogo Roberto DaMatta (2010) já afirmou (considero muito importante a reflexão) que não adianta criar leis exageradas, ou copiadas de outros países, pois como sociedade não evoluímos num requisito essencial que nenhuma lei ou norma é capaz de modificar: a cidadania. Ele entende que o problema da violência no trânsito é termos uma legislação que visa a igualdade (pois todos devemos parar no semáforo vermelho, não podemos estacionar onde bem entendemos, etc.), num país estruturalmente desigual, no qual as relações sociais (e o trânsito é social, pasme!) estão permeadas por alguns mecanismos de desigualdade, como o “você sabe com quem está falando?” e o “jeitinho”, fica impossível esperar que uma enxurrada de normas, punições mais severas deem cabo de mudar uma cultura violenta no trânsito, enquanto o “câncer” está justamente na incapacidade (ou falta de vontade) de criação e respeito de um senso coletivo. O indivíduo prevalece sobre o coletivo, enquanto a lei privilegia o coletivo em detrimento do indivíduo.
Não vou entrar no mérito de se a educação para o trânsito ocorre em nosso país, pois a resposta você já sabe. Mas o que penso que merece neste momento é a reflexão: preciso (falo do nosso “eu”) de tantas leis para participar do trânsito com segurança?
Vimos um aumento dos valores das multas, do prazo de suspensão, dezenas de milhares de condutores cassados, entre outras medidas de caráter punitivo (há quem diga que é educativo, mas também não entrarei nesta briga agora), mas ainda, no geral, o que observamos é um sem fim de infrações serem cometidas, milhares de autuações todos os dias, e ainda perdemos nossas familiares e amigos regularmente. Já passou da hora de, como usuários desse sistema chamado trânsito, percebermos que depender da Lei (ou de quem a elabora), não basta nem para começo de conversa, se estamos efetivamente preocupados com o cenário que temos hoje.....

Uso do celular já e a Segunda Maior Causa de Acidentes no transito no brasil..